Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira
São Paulo – O Ibovespa fechou com ligeira alta de 0,02%, aos 108.956,02 pontos, voltando a esboçar uma recuperação no fim do pregão sustentado pelos papéis do Banco do Brasil, que refletiram uma notícia de possível privatização do banco.
Investidores também ficaram animados hoje com o Produto Interno Bruto (PIB) levemente acima do esperado, o que ajudou o índice a mostrar resiliência diante de um cenário externo mais negativo em função de novas preocupações com a guerra comercial. O volume total negociado foi de R$ 17,3 bilhões.
“O Banco do Brasil é uma das poucas blue chips em alta hoje, que está subindo com uma notícia de possível privatização, mas ainda é só uma notícia, não temos mais informações, difícil saber se iria para frente”, disse o economista da Toro Investimentos, Pedro Nieman, destacando que o papel tem peso considerável no Ibovespa.
As ações do banco (BBAS3 2,02%) avançaram depois de reportagem do jornal “O Globo” afirmar que ministro da Economia, Paulo Guedes, discute com a equipe econômica a inclusão do banco na lista de privatizações que será enviada ao Congresso no ano que vem. Segundo o jornal, o primeiro desafio de Guedes é convencer o presidente Jair Bolsonaro a aceitar a venda, que não ocorreria no curto prazo, mas até o fim do mandato, em 2022.
Ainda na cena doméstica, investidores se animaram depois que a economia brasileira cresceu pelo segundo trimestre consecutivo entre julho e setembro deste ano, em +0,6% em relação ao período imediatamente anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou acima da mediana projetada pelo Termômetro CMA, de +0,50%.
No exterior, porém, as Bolsas norte-americanas fecharam em queda refletindo as declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, que disse que pode esperar até as eleições presidenciais norte-americanas, que vão ocorrer em novembro do ano que vem, para concluir um acordo comercial com a China. Trump também anunciou tarifas sobre produtos de outros países, como a França, além de ter anunciado ontem tarifas para o aço e alumínio do Brasil e da Argentina, voltando a elevar o tom protecionista.
Entre as maiores quedas do Ibovespa, ficaram as ações da Smiles (SMLS3 -8,84%), que despencaram refletindo previsões para 2019 e 2020 piores do que o esperado pelo mercado. Ainda entre as maiores perdas, ficaram as ações da CSN (CSNA3 -3,84%) e da Hypera (HYPE3 -2,50%).
Na contramão, as maiores altas foram da MRV (MRVE3 7,16%), em meio a rumores de reformulações do programa Minha Casa, Minha Vida, do BB Seguridade (BBSE3 3,88%), que subiu na esteira da possível privatização do BB, e da Marfrig (MRFG3 3,87%).
Amanhã, na agenda de indicadores, investidores devem acompanhar a produção industrial brasileira, em busca de novos sinais de recuperação da economia, e dados como o de criação de empregos no setor privado norte-americano, considerado uma prévia dos dados do payroll, que serão divulgados na sexta-feira e são considerados os mais importantes da economia do país.
Para Nieman, o Ibovespa pode manter um tom positivo nos próximos dias. “Eu esperava que a Bolsa fosse sentir mais a notícia do Trump sobre o acordo com a China, e dada essa reação acho que a semana pode ser de viés positivo, até porque as ações de bancos também podem subir e outros papéis de peso podem se recuperar”, disse.
O dólar comercial fechou em queda de 0,26% no mercado à vista, cotado a R$ 4,2070 para venda, no segundo pregão seguido de queda e no menor valor de fechamento em dez dias, influenciado pela euforia do mercado doméstico com o resultado acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro a 0,60%, diante projeção de +0,50% no terceiro trimestre do ano em relação ao trimestre anterior.
A moeda estrangeira sustentou queda por todo o pregão já reagindo ao resultado da economia brasileira entre junho e setembro. “O que fez a moeda estrangeira registrar mínimas consecutivas, chegando a operar abaixo de R$ 4,19”, ressalta o gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek.
Lá fora, porém, chamou a atenção as declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, de que “gosta da ideia” de fechar acordo comercial com a China somente após as eleições presidenciais nos Estados Unidos, em novembro do ano que vem. “O provocou um pouco de aversão ao risco no exterior”, diz Esquelbek.
Para o diretor de câmbio do grupo Ourominas, Mauriciano Cavalcante, se o mercado seguir “calmo” nos próximos dias, “sem reviravoltas sobre a guerra comercial”, diz, a tendência é a moeda manter o recuo ao longo do mês. “Conforme for chegando o fim do ano, acredito que o dólar vai cedendo. Não acredito que ele fique no patamar de R$ 4,25 novamente não”, diz.
Amanhã, com a agenda de indicadores mais forte, os destaques ficam para os números de criação de emprego no setor privado nos Estados Unidos em novembro, publicado pela ADP – uma prévia do relatório de trabalho, o payroll, que sairá na sexta-feira – e a leitura revisada do índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre o setor de serviços norte-americano. Aqui, o destaque fica para a produção industrial no mês passado.