São Paulo – A Bolsa fechou em leve queda uma sessão bastante volátil entre perdas e ganhos com as ações da Petrobras e bancos valorizadas e da Vale no negativo.
Nem mesmo o dado de volume de serviços -avançou 2,4% em novembro ante outubro e 10,0% no acumulado do ano -ter ficado bem acima do esperado pelo mercado conseguiu impulsionar o Ibovespa. Os indicadores norte-americanos chegaram a ajudar um pouco a Bolsa, mas não sustentou. Os investidores seguem atentos à alta de juros nos Estados Unidos e, segundo alguns analistas, o mercado já precifica três elevações.
As ações da Natura (NTCO3) e Banco Inter (BIDI11) seguem com pressão vendedora e caíram respectivamente mais de 4,00% e 9,86%. E as varejistas perderam boa parte dos ganhos da véspera.
O principal índice da B3 caiu 0,14%, aos 105.529,50 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 0,43%, aos 106.225 pontos. O volume financeiro foi de R$ 25,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam no negativo.
Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset, comentou que na sessão de hoje o Ibovespa trabalha de forma mista “ora trabalhando em campo positivo e ora no negativo com a Petrobras puxando para cima e as ações da Vale realizando lucro porque nos últimos dias têm subiram bem”.
Gonçalvez destacou que o Ibovespa está descolado das bolsas norte-americanas e “isso é bom, nosso mercado está forte e provavelmente vamos romper a linha de tendência e buscar a região dos 108 mil pontos”.
Os papéis do Itaú (ITUB4) subiam 1,84%; Bradesco (BBDC3 e BBDC4) aumentavam 1,11% e 1,78% e Petrobras (PETR3 e PETR4) avançavam 2,42% e 2,01%.
No lado negativo, as ações da Vale (VALE3) caíam 1,52%; Usiminas (USIM5), Gerdau (GGBR4) desvalorizavam respectivamente 0,42% e 2,01%.
Os papéis da BRF (BRFS3) tiveram forte valorização e fecharam em alta de 0,71% após o acordo com um fundo da Arábia Saudita para produzir e vender frango no país. Segundo a BRF, a joint venture contempla investimentos na ordem de US$350 milhões.
Julio Pinelli, especialista de renda variável da Delta Flow Investimentos, comentou que a Bolsa chegou a operar no positivo repercutindo os indicadores nos Estados Unidos. “Todo número por lá é olhado com bastante detalhe. O Indice de Preços ao Produtor (PPI) veio abaixo do esperado em dezembro -subiu 0,2% e o mercado previa alta de 0,4%-e surpreendeu um pouco, os pedidos de auxílio desemprego vieram acima do esperado-230 mil solicitações e o mercado previa 200 mil- e isso fez com a Bolsa aliviasse as tensões em relação à política monetária do Fed, mas voltou a cair”.
Por aqui, apesar do dado de volume de serviços bem acima do esperado, divulgado mais cedo, “o mercado ignorou porque, em termos de Brasil, precisamos de um bloco de notícias mais robustas para os investidores terem um pouco mais de confiança”, disse Pinelli.
Em relação aos setores da Bolsa, o especialista em renda variável da Delta Flow ressaltou que as ações de commodities como Vale, Petrobras e siderúrgicas estão bastante fortalecidas porque são “as escolhas dos estrangeiros”. Nos últimos dias tem sido forte a entrada de capital
O dólar comercial fechou em R$ 5,5352, com queda 0,07%. Acompanhando o movimento do exterior, a moeda norte-americana operou em baixa durante grande parte da sessão. A tendência, porém, é que o endurecimento da política monetária nos Estados Unidos reverta este quadro e o dólar volte a subir.
Segundo o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, “os dados americanos deveriam reforçar o dólar, mas ocorre um ajuste no preço já que ele subiu muito nas últimas semanas”.
Rosa, contudo, acredita que este movimento não é duradouro: “À medida que o aperto monetário for confirmado nos Estados Unidos, o dólar voltará a ficar forte”. Enquanto isso, pontua o economista, o Brasil deve acompanhar o exterior nesta desvalorização do dólar.
“Não ter novidades internas também ajuda, sem os ruídos que afastam os investidores”, diz Rosa, referindo-se aos costumeiros entraves fiscais e políticos.
De acordo com o economista da Guide, Victor Beyruti, “de certo modo, o mercado ficou aliviado com a inflação nos Estados Unidos, o que diminui as chances do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) aumentar quatro vezes os juros, acima das três altas projetadas inicialmente”. O economista ainda acredita que o mercado está encontrando um ponto de equilíbrio com as expectativas dos próximos passos da instituição norte-americana.
De pano de fundo, sublinha Beyruti, as incertezas fiscais não saíram do radar: “Segue a novela da pressão dos reajustes dos servidores, e isso também voltar a pressionar o câmbio”, alerta.
Para o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, “o dólar, por outro lado, deve ter dia de alta, após duas sessões de fortes quedas”. O economista refere-se aos últimos dois dias como um movimento de ajustes, com o real voltando a perder força.
Borsoi ainda destaca que o CPI (Indice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês) foi o maior dos últimos 40 anos (0,5% em dezembro e 7,0% no acumulado de 2021), e que isso alimenta ainda mais as chances do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) aumentar os juros ainda neste trimestre.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam esta quinta-feira em um movimento misto. Enquanto as curvas curtas oscilam em alta, as longas operam em leve queda.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 11,915% de 11,865% do ajuste anterior e o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,565% de 11,555%. O DI para janeiro de 2025 ia a 11,175% de 11,195% do ajuste anterior e o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 11,120% de 11,160%. No mercado de câmbio o dólar operava em leve queda, cotado a R$ 5,5200 para venda.
Os principais índices de mercados de ações norte-americano fecharam o pregão em campo negativo, com o Nasdaq recuando 2,51% na sessão, à medida que os papéis de tecnologia perderam o ímpeto que os impulsionaram nos últimos dias.
Dow Jones: -0,49%, 36.113,62 pontos
Nasdaq 100: -2,51%, 14.806,8 pontos
S&P 500: -1,42%, 4.659,03 pontos