Bolsa vira no final e fecha em queda; dólar sobe mais de 2%

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São Paulo – O dia foi de volatilidade no mercado acionário, depois de registrar alta por toda a manhã chegando a mais de 1%, o Ibovespa perdeu força e começou a recuar. O Ibovespa recuou 1,05%, aos 112.064,19 pontos acompanhando a redução das Bolsas nos Estados Unidos, principalmente o índice Nasdaq, que recuou 2%, e a notícia de que governadores de 16 estados encaminharam uma carta aos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, pedindo auxílio emergencial de R$ 600.

Para o analista Régis Chinchila, essa notícia sobre auxílio emergencial divulgada esta tarde pela revista Veja provocou a queda do Ibovespa porque pode comprometer o quadro fiscal.

Mas os analistas Nicolas Balafa, da Atuação Investimentos, Rodrigo Moliterno, da Veedha Investimentos e Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital não sustentam essa tese e afirmam que não entendiam essa virada. Eles atribuíam a retração à queda das bolsas no exterior.

De acordo com o analista da Chess Capital, essa notícia não pode ter impactado de forma abrupta. “A chance de prosperar é mínima e o Congresso precisaria decretar calamidade pública”. Já o analista da Autuação Investimentos, o movimento do mercado está devolvendo os ganhos e acompanhando as bolsas de Nova York. “Minha leitura é uma exaustão dos mercados que não conseguem atingir patamares diante do cenário da Covid-19”, afirmou.  Ele complementa que o cenário doméstico ainda é muito conturbado.

O dólar comercial fechou em forte alta de 2,21% no mercado à vista, cotado a R$ 5,6380 para venda, após disparar no fim dos negócios reagindo à notícia de que 16 governadores defenderam, por meio de uma carta enviada ao Congresso, que a nova rodada de pagamentos do auxílio emergencial seja com parcelas de R$ 600.

Além disso, os governadores pediram que o benefício tenha as mesmas condições das aprovadas no ano passado. Recentemente, a nova rodada de pagamento do auxílio foi aprovada, porém,com valores entre R$ 175 e R$ 375. Segundo analistas, a disparada da moeda foi em linha com a notícia, elevando o risco fiscal.

“Houve também um fluxo de saída de recursos do país com o recrudescimento da pandemia”, comenta o diretor de uma corretora nacional, reforçando que o viés de cautela prevaleceu em boa parte da sessão com investidores precificando a “renovada” preocupação com o avanço da covid-19 no país e, consequentemente, com o sistema de saúde após o Brasil registrar mais de 3,1 mil mortes em 24 horas ontem, recorde desde o início da pandemia.

O operador da corretora Renascença, Luís Felipe Laudisio, acrescenta que a notícia de que a Argentina não tem como arcar com a dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), em partes, contaminou o real e outras moedas de países emergentes que aceleraram a queda ante o dólar.

A vice-presidente, Cristina Kirchner, declarou que o país não tem dinheiro para quitar dívidas com o FMI alegando que os termos e as condições impostas pelo Fundo “são inaceitáveis”. Amanhã, com a agenda de indicadores mais esvaziada, o mercado deverá ficar atento aos ruídos políticos em torno do auxílio emergencial. Para o diretor de câmbio citado acima, o Banco Central (BC) pode anunciar ainda hoje alguma operação para conter o avanço inesperado da moeda. Além de investidores acompanharem o avanço da pandemia no Brasil, de olho nos números da Europa em meio ao receio de uma terceira onda de contaminação.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) aceleraram a alta nos minutos finais do pregão e fecharam nas máximas do dia, acompanhando a apreciação do dólar enquanto refletiam nos vencimentos mais longos o peso do avanço desenfreado da pandemia sobre o cenário fiscal e as perspectivas de retomada econômica do Brasil.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou o dia com taxa de 4,73%, de 4,70% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,56%, de 6,49%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,15%, de 8,00% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,70%, de 8,52%, na mesma comparação.

O Dow Jones abriu mão dos ganhos nos segundos finais da sessão, juntando-se ao S&P 500 e ao Nasdaq para fechar o dia em queda, com uma onda de vendas de ações de tecnologia tomando conta das negociações de hoje.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,01%, 32.420,06 pontos

Nasdaq Composto: -2,01%, 12.961,90 pontos

S&P 500: -0,54%, 3.889,14 pontos