Bolsa volta a bater recorde e dólar tem leve alta

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Por Danielle Fonseca e Flávya Pereira

São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 0,64%, aos 112.615,66 pontos, voltando a renovar seu recorde de fechamento ao refletir uma recuperação das ações do setor financeiro, que haviam recuado ontem em meio a ruídos sobre a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Os papéis da Petrobras também impulsionaram o índice, que ainda se beneficiou de recomendações positivas sobre a Bolsa brasileira e de um cenário externo favorável. O volume total negociado foi de R$ 19,7 bilhões.

Os papéis de bancos, caso do Itaú Unibanco (ITUB4 1,52%) e do Bradesco (BBDC4 1,84%), fecharam em alta depois de terem pressionado o Ibovespa no pregão anterior, refletindo declarações do presidente Jair Bolsonaro, que afirmou que a CPMF não estava descartada. Há pouco, o porta-voz da presidência voltou a falar sobre a questão e não negou que a volta do impostos está sendo estudada, mas disse que Bolsonaro não irá mais comentar sobre o assunto.

Ainda no setor financeiro, os papéis da B3 (B3AS3 3,18%) aceleraram ganhos durante à tarde e encerraram entre as maiores altas do Ibovespa depois de declarações de presidente da companhia, Gilson Finkelsztain, que afirmou que estuda diminuir tarifas para atrair mais investidores. Ainda entre as maiores altas ficaram as ações da Cielo (CIEL3 5,52%).

Outros papéis, como os da Petrobras (PETR4 1,32%) também subiram e ajudaram a sustentar o índice, acompanhando os preços do petróleo.

Já as maiores quedas do índice, por sua vez, foram da BRF (BRFS3 -3,20%), da B2W (BTOW3 -3,40%) e da Natura (NATU3 -3,00%).

Para o sócio-presidente da DNAInvest, Alfredo Sequeira, também segue o tom positivo em relação ao mercado brasileiro em meio a um cenário de juros mais baixos, embora alguns analistas tenham visto a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada hoje, como mais dura do que o esperado, o que provocou a alta dos contratos de juros futuros. “Há um otimismo crescente com o Brasil, toda hora tem algum banco elevando a recomendação. O Citi, por exemplo, recomendou que investidores prefiram o Brasil ao México hoje”, disse.

Já para o sócio da WM Manhattan, Pedro Henrique Rabelo, com a proximidade do fim do ano, o volume da Bolsa tende a diminuir e há poucos gatilhos para mexer com o Ibovespa, que, no entanto, segue com tendência de alta. “Está começando a reduzir a liquidez e, de alguma forma, investidores já estão se posicionando para o primeiro trimestre. Os movimentos são mais erráticos e não temos muitos drivers nessas últimas semanas”, disse.

No exterior, as Bolsas norte-americanas também fecharam em leve alta influenciadas por indicadores melhores da economia dos Estados Unidos e depois que o país chegou a um consenso com a China sobre a primeira fase do acordo comercial.

Amanhã, com poucos indicadores relevantes na agenda e a redução de liquidez com a proximidade do fim do ano, o Ibovespa pode continuar a mostrar variações modestas, na avaliação de analistas.

Já o dólar comercial fechou em leve alta de 0,07% no mercado à vista, cotada a R$ 4,0650 para venda, em sessão volátil com viés de correção após a queda de mais de 1% ontem, quando chegou a romper o nível a R$ 4,05. Na primeira parte dos negócios, porém, a moeda oscilou sem rumo único. No início dos negócios, investidores locais reagiram com mau humor aos rumores de que a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) ou algum imposto similar pode voltar.

Segundo o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho, parte do movimento esteve associado aos temores associados da implementação de um imposto sobre operações financeiras, nos moldes da antiga CPMF, o que trouxe apreensão ao mercado doméstico.

“Impulsionou o dólar para níveis acima dos R$ 4,07, na máxima do dia. O movimento também foi alimentado pelo dólar mais forte no exterior”, comenta o analista. O diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer, reforça que o recuo do dólar na reta final dos negócios foi uma “entrada pontual” de recursos no mercado doméstico.

Amanhã, com a agenda esvaziada, a tendência é de um dólar novamente sem tendência definida, comenta a estrategista de câmbio do Ourinvest, Cristiane Quartaroli. “Com a política local parada, em ritmo de férias, a tendência é ficar de lado”, diz.