Bolsonaro diz que país seria republiqueta sem obras da ditadura militar

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Brasília – O Brasil seria uma “republiqueta”, segundo o presidente Jair Bolsonaro, se não fossem as realizações da ditadura militar, que se instalou no país em 1964 e se estendeu até 1985. “Quem esteve no governo, naquela época, fez a sua parte. O que seria do Brasil sem as obras do governo militar? Não seria nada. Seríamos uma republiqueta”, afirmou.
Bolsonaro atribuiu o desenvolvimento do agronegócio brasileiro à ação do ex-presidente Ernesto Geisel e do ex-ministro da Agricultura Alysson Paulinelli. Também exaltou a criação da Zona Franco de Manaus pelo ex-presidente Castelo Branco. Para ele, se não fosse a ação de Castelo Branco, “certamente já teríamos perdido a Amazonas”.
Embora o Ministério da Defesa tenha divulgado uma ordem do dia alusiva ao “Movimento de 31 de março de 1964”, chamado de “marco histórico da evolução política brasileira, pois refletiu os anseios e as aspirações da população da época”, Bolsonaro questionou a data.
“Hoje são 31 de março. O que aconteceu nesse dia? Nada. A história não registra nenhum presidente da República ter perdido o seu mandato nesse dia. Por que então a mentira? A quem ela se presta? O Congresso Nacional no dia 2 de abril de 64 votou pela vacância de João Goulart, com voto inclusive de Ulysses Guimarães. Quem assumiu o governo nesse dia? Não foi um militar. Foi um deputado federal, presidente da Câmara, de nome Ranieri Mazzilli. Por que omitir isso?”, afirmou.
Segundo Bolsonaro, o primeiro presidente militar só foi escolhido no dia 11 de abril de 1964. “Tivemos eleições indiretas na Câmara dos Deputados à luz da Constituição de 1946, com voto de Ulysses Guimarães, elegeu o marechal Castelo Branco presidente da República”, afirmou. Castelo Branco tomou posse no dia 15 de abril de a 1964. “Todos aqui tinham direito de ir e vir, deputado Daniel Silveira, de sair do Brasil, de trabalhar, de constituir família, de estudar”, completou.
Bolsonaro se dirigiu ao deputado que responde à ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF), por estimular atos antidemocráticos e atacar integrantes do Supremo. O ministro do STF Alexandre de Moraes determinou que Silveira use tornozeleira eletrônica por descumprimento de decisões judiciais no âmbito da ação penal.
De acordo com o presidente, “nada se pode construir sem a verdade”. “O trabalho, naqueles anos de governo, foi difícil também. É uma luta da verdade contra a mentira, da história contra a estória, do bem contra o mal. E o Brasil resistiu”, afirmou.
No discurso na cerimônia de posse dos novos ministros, Bolsonaro citou ainda o ex-presidente militar Emílio Garrastazu Médici. Conforme Bolsonaro, a composição do ministério era semelhante à adotada em seu governo, sem negociação política.
POSSE DE MINISTROS
Tomaram posse, em cerimônia no Palácio do Planalto, os ministros Marcelo Sampaio (Infraestrutura), Marcos Montes (Agricultura, Pecuária e Abastecimento), José Carlos Oliveira (Trabalho e Previdência), Ronaldo Vieira Bento (Cidadania), Paulo César de Carvalho Alvin (Ciência, Tecnologia e Inovação), Carlos Brito (Turismo), Daniel Ferreira (Desenvolvimento Regional) Cristiane Brito (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Célio Faria Júnior (Secretaria de Governo).
Deixaram o governo para disputar governos estaduais: Onyx Lorenzoni (Rio Grande do Sul), Tarcísio de Freitas (São Paulo) e João Roma (Bahia). Outros cinco serão candidatos ao Senado Federal: Tereza Cristina (Mato Grosso do Sul), Rogério Marinho (Rio Grande do Norte), Damares Alves (Amapá), Flávia Arruda (Distrito Federal) e Gilson Machado (Pernambuco). Marcos Pontes deve ser candidato a deputado federal em São Paulo.
Braga Netto, que deve ser candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro nas eleições de outubro, deixou o Ministério da defesa e foi nomeado para uma assessoria no Palácio do Planalto. Para a vaga de Braga Netto, irá o general Paulo Nogueira, comandante do Exército. O general Freire Gomes assumirá o Comando do Exército.