São Paulo- O presidente Jair Bolsonaro fez um apelo para que caminhoneiros que estavam bloqueando rodovias liberassem a passagem de veículos. Os bloqueios, quase todos parciais, afetavam estradas em pelo menos 15 estados às 8h30 (de Brasília), segundo informações do Ministério da Infraestrutura.
Os caminhoneiros que participam do bloqueio são favoráveis a Bolsonaro, e o bloqueio das rodovias acontece dias depois de o presidente participar de manifestações a favor dele e do governo em que disse que descumpriria ordens do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e pressionou o magistrado a deixar o cargo.
“Fala para os caminhoneiros aí, que são nossos aliados, mas esses bloqueios atrapalham a nossa economia. Isso provoca desabastecimento, inflação e prejudica todo mundo, em especial, os mais pobres. Então, dá um toque no caras aí, se for possível, para liberar, tá ok? Para a gente seguir a normalidade”, disse o presidente em um áudio cuja autenticidade foi posteriormente confirmada pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.
Em vídeo publicado nas redes sociais ontem à noite, o ministro diz que “nos grupos de caminhoneiros muita gente está questionando se um áudio que vazou do presidente da República é real e se esse áudio é atual, é de hoje. Bom, esse áudio é real, de hoje, e mostra preocupação do presidente com a paralisação dos caminhoneiros.”
O ministro manifesta os mesmos receios de Bolsonaro com o efeito das paralisações. “Já temos hoje efeito no preço dos produtos em função da pandemia. A inflação tem componente internacional, e paralisação vai trazer desabastecimento.
REPÚDIO À MANIFESTAÇÃO
Ontem, a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) divulgou nota de repúdio à paralisação dos caminhoneiros autônomos, afirmando que “trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos”.
Assim como o governo federal, a NTC disse que “o bloqueio nas rodovias o que poderá causar sérios transtornos à atividade de transporte realizada pelas empresas, com graves consequências para o abastecimento de estabelecimentos de produção e comércio, atingindo diretamente o consumidor final, de produtos de todas as naturezas inclusive os de primeira necessidade da população como alimentos, medicamentos, combustíveis etc.”
O presidente da Associação Nacional de Transporte no Brasil, José Roberto Stringasci, também repudiou a paralisação dos caminhoneiros e disse que “90% da categoria não está apoiando estes atos”.
“Jamais a ANTB vai participar de atos de vandalismo, e principalmente de ameaças contra qualquer órgão do governo”, disse ele, em referência ao fato de os caminhoneiros que participam da paralisação terem repetido os ataques de Bolsonaro ao STF.
“Temos que resolver nosso problema, mas a gente acredita que do modo democrático que a gente vai resolver, não é ameaçando juízes, ameaçando um um órgão do governo. Tem alguns motoristas que estão indo como os patriotas ali na intenção de defender o Brasil, mas na realidade vão defender políticos. Isso daí é tudo político.”