São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer que possui evidências de que o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais de 2018 foi manipulado e que ele teria sido vitorioso na disputa. Em entrevista à rede Nordeste de rádio, o presidente confirmou que apresentará as provas amanhã, às 19h, durante sua live semanal.
Na entrevista, Bolsonaro aborda o assunto primeiro falando das eleições de 2014, alegando que o verdadeiro vitorioso daquela disputa pela presidência foi o então candidato do PSDB, Aécio Neves, e não Dilma Rousseff, que foi reeleita para o cargo.
“Nós conseguimos em 2014 a apuração de minuto a minuto. O que geralmente você vê em casa, na televisão, é de 20 em 20 minutos, aparece uma fotografia de como está apuração por todo o Brasil. Conseguimos minuto a minuto. durante 231 minutos, uma hora dava Aécio, outro minuto dava a Dilma. Alternando durante 231 vezes. Para quem entende um pouco de estatística, isso é quase impossível de acontecer”, afirmou o presidente.
Em 2014, Dilma Rousseff recebeu 54,5 milhões de votos no segundo turno, segundo os números oficiais, enquanto seu adversário, Aécio Neves, teve 51,0 milhões – uma diferença de pouco menos de 3,5 milhões de votos num total de 105,5 milhões de votos válidos.
“No meu caso, também é bastante complexo. Em dado momento aparece fotografia, números aproximados, apurado 80% do Nordeste, na região sudeste – onde eu era mais forte -, apurado apenas 20%. Nas demais regiões apurado aproximadamente 50%. Eu estava com 49% dos votos. O próprio Camarotti da Globo, entre outros, falava: ‘olha, não vai ter segundo turno’, porque se falta entrar 80% do Sudeste onde Bolsonaro é forte e 80% do Nordeste, onde PT é forte, é que vai para no mínimo 54%. E aconteceu o contrário, diminuiu. Mais um indício fortíssimo de manipulação”, disse o presidente.
Na eleição de 2018, havia 13 candidatos a presidente no primeiro turno, e foram contabilizados pouco mais de 107 milhões de votos válidos. Segundo os resultados oficiais, Bolsonaro recebeu 49,3 milhões destes votos, ou 46,03%, e Fernando Haddad (PT), 31,3 milhões, ou 29,28%. Os outros 11 candidatos, em conjunto, tiveram 26,4 milhões de votos – ou 24,69%.
Em São Paulo, estado da região Sudeste e que possui o maior colégio eleitoral do Brasil, Bolsonaro teve 12,4 milhões de votos no primeiro turno, ou 53,00% do total, seguido por Haddad, com 3,8 milhões, ou 16,42%, mas ali os outros 11 candidatos a presidente tiveram uma parcela maior de votos do que no cômputo geral do Brasil – de 30,58%.
Pesquisas eleitorais conduzidas antes e depois das eleições presidenciais de 2018 corroboram o resultado das urnas. Levantamentos do Instituto Datafolha e do Ibope pouco antes do primeiro turno apontavam Bolsonaro com 36% das intenções de voto, e Haddad com 22%.
Além disso, o Estudo Eleitoral Brasileiro 2018, conduzido pelo Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp em novembro daquele ano, mostrou que de 2.506 pessoas entrevistadas, 33,4% disseram ter votado em Bolsonaro no primeiro turno, e 22,1% em Haddad. Removendo da amostra os entrevistados que não quiseram declarar ou não lembravam em quem votaram, que votaram em branco ou que anularam o voto, Bolsonaro teria 47,0% dos votos, e Haddad, 31,4%.