Por Gustavo Nicoletta
São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro pretende manter o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) como líder do governo no Senado, afirmou o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, durante entrevista coletiva concedida ontem.
“Não há no espectro, no escantilhão do senhor presidente a substituição do nosso líder no Senado”, disse ele ao ser questionado sobre a permanência de Bezerra na liderança. “O presidente não tem intenção de substituir o seu líder no Senado”, acrescentou.
Rêgo Barros disse também que Bolsonaro ainda não se reuniu pessoalmente com Fernando Bezerra para discutir a articulação política do governo, mas vem mantendo contato com o líder por outras vias.
A permanência de Fernando Bezerra na liderança do governo no Senado passou a ser questionada depois que a Polícia Federal encontrou indícios de que ele e seu filho, o deputado federal Fernando Coelho Filho (DEM-PE), estão envolvidos com pessoas e empresas investigadas na operação Desintegração, que apura pagamentos ilegais de empreiteiras a autoridades públicas.
Segundo relatório de busca e apreensão enviado pela PF ao Supremo Tribunal Federal (STF), os policiais encontraram no gabinete e na casa de Fernando Coelho discos rígidos que faziam referência a outros investigados na operação, R$ 55 mil em espécie e envelopes bancários e extratos que poderiam ter sido usados para operações de lavagem de dinheiro.
Também foi encontrado um disco rígido no gabinete da liderança do governo – e portanto do senador Fernando Bezerra – contendo uma planilha com uma “relação de doadores ocultos”.
Mais recentemente, o fato de o Senado ter retirado da reforma da Previdência regras mais restritivas para o pagamento do abono salarial – que, nas contas do Ministério da Economia diminuíram a potência fiscal do projeto em R$ 76 bilhões ao longo de dez anos – também colocaram a permanência de Bezerra na liderança em dúvida, com membros do governo atribuindo o fato a deficiências na articulação política.
Na entrevista coletiva de ontem, Rêgo Barros disse que o governo está satisfeito com a aprovação da proposta da reforma da Previdência em primeiro turno no Senado, “porém espera que não ocorra qualquer outra alteração que acarrete ainda mais redução na economia [proporcionada pela reforma previdenciária.”