Bowman, do Fed, afirma que os riscos de inflação continuam e que mais cortes são dependentes de dados

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A governadora do Federal Reserve, Michelle Bowman / Foto: Fed

Na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), a governadora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michelle Bowman, apoiou a decisão de manter a taxa de juros entre 4,25% e 4,5%, com o objetivo de avaliar os dados de inflação e a política econômica. Em um evento hoje mais cedo, ela destacou que, apesar da desaceleração da inflação em 2023, os riscos para os preços permanecem, especialmente com o mercado de trabalho próximo ao pleno emprego. “A economia dos EUA continua sólida, mas o impacto da inflação em famílias de baixa renda é significativo”, afirmou. Bowman também mencionou a importância de dados mais precisos sobre o mercado de trabalho para tomadas de decisão.

A governadora ainda previu uma desaceleração da inflação em 2025, embora com desafios, como possíveis perturbações nas cadeias globais de suprimentos. Aumento da demanda reprimida após a eleição e a melhora no sentimento dos consumidores podem pressionar ainda mais os preços. Ela ressaltou a necessidade de dados mais confiáveis para apoiar a formulação de políticas econômicas.

“Ao ajustar as taxas de juros em direção a uma política mais neutra, o foco deve ser um ajuste gradual, com base no progresso na inflação e no emprego”, disse Bowman. A governadora expressou preocupação com as condições financeiras mais flexíveis no último ano, que podem ter dificultado o controle da inflação. Ela prefere uma abordagem cautelosa até que a inflação diminua, especialmente com o mercado de trabalho em equilíbrio e a taxa de desemprego baixa.

Além disso, destacou a importância de manter a política monetária flexível, avaliando dados de inflação e emprego. Também falou sobre o papel vital dos bancos mútuos, que devem ser apoiados independentemente de seu tamanho para promover um sistema financeiro saudável e inclusivo.

Os bancos mutualistas, comuns no Nordeste dos EUA, são conhecidos por serem de propriedade dos depositantes, ao invés de acionistas. Enfrentam desafios semelhantes aos de outros bancos, como a concorrência, mas também têm dificuldades únicas, como a captação de recursos e o processo de dividendos, que aumentam os custos operacionais. “Uma possível solução seria a emissão de certificados de capital mutual, uma alternativa ao processo tradicional de captação”, afirma.

Além disso, a transparência e a eficiência são essenciais para o sucesso dos bancos comunitários, que precisam de um regulamento mais flexível para se adaptarem ao seu tamanho e estrutura. Bowman defende a necessidade de adaptar a regulação para que bancos menores possam operar de forma eficaz, sem obstáculos regulatórios excessivos.

Quanto à inovação e cibersegurança, Bowman afirmou que a regulação deve incentivar a inovação, proporcionando um ambiente claro e seguro para novas tecnologias, ao mesmo tempo em que apoia práticas robustas de gestão de riscos cibernéticos. “O Federal Reserve pode ajudar com recursos específicos para cibersegurança e promovendo um sistema bancário inclusivo em áreas rurais e comunidades desatendidas, garantindo que a presença de bancos comunitários seja mantida através de um processo de fusões e aquisições mais eficiente”, conclui.