Brasil critica quantidade de vacinas vindas do Covax Facility

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São Paulo – O consórcio Covax Facility, montado no ano passado para distribuir vacinas contra a covid-19 e integrado pelo Brasil, está distribuindo menos doses do que deveria ao país, segundo críticas feitas pelo deputado federal doutor Luizinho (PP-RJ) e endossados pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Durante um pronunciamento ocorrido após a segunda reunião do comitê que discute ações para combater a pandemia de covid-19, Luizinho – que estava representando o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que o consórcio Covax Facility “tem deixado o Brasil de lado”.

“A Organização Mundial da Saúde (OMS) privilegiou países que não tem pandemia e a circulação viral que o Brasil tem. A OMS destinou doses em volume para África e para o Sudeste Asiático, para países que não estão acometidos como o Brasil, em desproporção. Em 31 milhões de doses enviadas pelo Covax Facility, somente 2,2 milhões chegaram às Américas, e ao nosso Brasil chegaram cerca de 1 milhão de doses. Nós precisamos que a OMS entenda a relevância e a importância do acolhimento aos brasileiros”, disse o deputado.

Em seguida, Queiroga endossou os comentários de Luizinho, dizendo que ele “fala muito bem da iniciativa Covax Facility”, e indicou que o Brasil quer receber com prioridade as doses de vacinas contratadas junto ao consórcio.

“Em outubro o governo brasileiro alocou US$ 150 milhões para ter cobertura vacinal de 10% da população, temos tido diálogo muito produtivo com a OMS no sentido de que seja cumprido o acordado anteriormente”, afirmou.

O Brasil recebeu 1,022 milhão de doses da vacina da AstraZeneca contra a covid-19 via Covax Facility em 21 de março. Há outras 8 milhões de doses que estão alocadas atualmente para envio ao país, sem previsão de data para a entrega.

A expectativa é de que sejam enviadas doses suficientes pelo consórcio para a vacinação de 10% da população brasileira – cerca de 45 milhões de doses, considerando vacinas que precisam de duas doses para completar o ciclo de imunização.

As críticas feitas por Luizinho e endossadas por Queiroga referem-se ao fato de o Brasil, terceiro país no mundo em número de pessoas contaminadas pelo covid-19, ter recebido até agora menos vacinas do que países como Etiópia (2,184 milhões) e Nigéria (3,94 milhões) e praticamente o mesmo número de doses que Indonésia e Quênia, nações que reportaram quadros bem menos graves da pandemia.