São Paulo – O CEO Global da BRF, Lorival Luz, apresentou os objetivos da companhia até 2030 no BRF Day, evento anual para investidores. De acordo com o time de executivos presentes no evento, a intenção é alcançar uma receita de R$ 100 bilhões em 2030. A BRF disse que vai buscar ser uma empresa de alto valor agregado, gerar produtos com praticidade, com ações de curto prazo para atingir essa receita de 2028 a 2030.
“Quero dividir e reforçar a nossa ambição a nossa direção e o meu orgulho por tudo que foi feito nesses dois anos, especialmente em 20 e 21, um trabalho excelente e com resultados sólidos mesmo nesse cenário desfavorável”, disse o presidente da empresa.
A companhia está buscando atingir sua meta de receita e disse que os alicerces e fundamentos estão estabelecidos. Sobre a postergação do seu plano de dez anos, a BRF disse que o motivo foi um ambiente de custos mais desfavorável.
“A postergação da primeira fase, de 2023 para 2024, se deu mais em razão das margens do que da receita. O ambiente mais ácido de aumento de custos de tudo o que aconteceu, fez com que o ganho fosse postergado”, disse Lourival Luz. “Estamos no caminho correto, por que os ganhos de eficiência estão sendo apresentados, agora esperamos um mercado mais estável, o que ainda não deve acontecer em 2022”, acrescentou.
O CEO Global da BRF disse que o ano de 2021 se mostrou muito desafiador em termos de custos, com o cenário inflacionário bastante elevado.
Mesmo assim, segundo ele, a gestão eficiente em todas as frentes permitiu à companhia a obtenção de rentabilidade.
Conforme Luz, os insumos mais que dobraram de preço em 2021 na comparação com 2020. A saca de milho, por exemplo, passou de R$ 38,17 para R$ 91,02, a tonelada do farelo avançou de R$ 1.132,00 para R$ 2.284,00. “Houve um avanço nos preços das embalagens também, cujos custos também dobraram”, avalia.
Luz ressalta que a companhia, assim como as demais, enfrentou os custos da pandemia de covid-19 ao longo do ano. Além disso, o mundo enfrentou grandes mudanças, como as alterações no mercado chinês de suinocultura, a adoção de medidas protecionistas por parte dos países, a crise macroeconômica na Turquia e a grande volatilidade cambial.
Luz ressalta que a BRF conseguiu avançar em segmentos importantes ao longo do ano, como no segmento de pet food, na busca por soluções em pratos prontos e em suínos de valor agregado, na ampliação da estratégia de Omnichannel (levando alimentos onde o consumidor estiver) e no crescimento de proteínas alternativas.
Para os próximos anos, Luz espera um cenário de custos mais mitigados, que devem fazer com que a BRF atinja os objetivos propostos visando a Visão 2030.
O executivo ressaltou que a companhia continua trabalhando na abertura de novos mercados, como Rússia e Reino Unido, e que não abrirá mão de fazer como na Turquia, na Arábia Saudita, por que entende que estar localmente com a produção é importante para esse tipo de expansão.
CARNE SUINA
A BRF está otimista com o mercado de carne suína por que o consumo per capita da proteína está avançando. Luz comentou que o consumo per capita de carne suína no Brasil cresceu de 2 a 3 kg em 2021, sendo a proteína cujo consumo mais aumentou. O diretor da área disse que as inovações demoram para se desenvolver, mas que já lançou um sanduíche da carne suína, e o Speciale, que é um produto de valor agregado que é sucesso de vendas. “Queremos entender as alavancas desse mercado e as expectativas de crescimento estão acima das outras áreas”, disse.
“A maior parte dos chefs elege como preferida a carne suína para desenvolver novos pratos e o lanche que lançamos em parceria com o Burguer King de hambúrguer de carne suína foi um sucesso tremendo”, disse Sidney Manzaro, diretor vice-presidente de mercado Brasil, que acrescentou que o restaurante está, inclusive, cogitando que o lanche vire um produto de linha. “Não é só lançar novos produtos, é entender o consumidor e entender a barreira de consumo, que ainda é diferente de outros mercados.”
Sobre o cenário protecionista que tem sido verificado em alguns países com os quais a BRF faz negócios, a empresa explicou que a estratégia principal é estar presente localmente, além de habilitar novos mercados. “Nos dá uma abertura maior não só para exportar mais no ‘in natura’, como para expandir no mercado de alto valor agregado.”
A BRF afirmou que quatro unidades produtivas foram habilitadas a exportar para a Rússia, já que são os mesmos requisitos e mesmo cortes que são vendidas para a China – mais uma das estratégias das quais a companhia lança mão para atingir os mercados do exterior.
Camila Brunelli / Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência CMA / Agência SAFRAS