BTG mantém visão positiva para JBS e neutra para BRF e Marfrig

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São Paulo – O BTG Pactual avaliou, em relatório sobre o setor de proteínas, as consequências do ataque cibernético aos sistemas da JBS na América do Norte e Austrália e novos rumores de negociação de ações entre a BRF e a Marfrig.

Às 15h57 (horário de Brasília), as ações da BRF lideravam o Ibovespa, com alta de 5,70%, enquanto Marfrig e Minerva subiam 3,40% e 1,49% e JBS caíam 1,23%.

A casa manteve visão positiva para o investimento na JBS devido à retomada nas operações e à expectativa de acomodação nas operações das companhias de proteína nos Estados Unidos.

“Uma vez que as operações estão sendo retomadas, a reserva criada durante esses dias não deve alterar materialmente a dinâmica da indústria, embora possa fornecer um impulso adicional para spreads de carne bovina de curto prazo, que já estão em níveis vistos apenas durante a interrupção da pandemia ano passado”, disseram os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin.

A análise vê riscos de perdas na cadeia de produção integrada caso os animais que atingissem o peso de abate não fossem processados devido à paralisação dos sistemas e aponta que o impacto nos negócios de carne bovina e suína deve ter consequências moderadas para a empresa, já que as compras de animais de terceiros respondem pela maior parte dos custos em ambas as operações.

A JBS tem participação de 23% e 18% nas indústrias de carne bovina e suína dos Estados Unidos, respectivamente. Os dados preliminares para abates diários do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos apontaram queda de 22% e 20% no volume de bovinos e suínos processados ​​ontem em relação à semana anterior, o que está praticamente em linha com a participação da JBS em ambos e dá uma ideia do impacto para a indústria em caso de continuidade da paralisação.

“A Marfrig pode ser uma beneficiária em termos relativos, embora acreditemos que as operações nos Estados Unidos deverão ser muito fortes para todas as empresas no segundo trimestre, incluindo a JBS”, pontuaram, mantendo a JBS como a sua principal escolha no segmento, com base em sua produção diversificada considerada capaz de suavizar a volatilidade da margem.

BRF

Os analistas do BTG reiteraram avaliação neutra para os papéis da BRF e Marfrig após uma nova rodada de negociações das ações da BRF no pregão de ontem, levantando novamente rumores de fusão entre as empresas. As ações BRFS3 subiram 9,55% com uma nova negociação em bloco que atingiu 23,5 milhões de ações, ou 2,8% do total de ações em circulação, a um preço de R$ 28,75 por ação, totalizando R​​$ 675 milhões, indicando que a Marfrig, provavelmente é a compradora, o que, se confirmado, deve levar a outra divulgação de suas participações na BRF em até três dias.

“A falta de clareza estratégica quanto ao rumo que a Marfrig está tomando agora é um motivo adicional de preocupação. Quanto à BRF, apenas a possibilidade de uma nova rodada de disputa de acionistas e ou mudanças estratégicas deve ser vista como negativa, considerando como os acionistas minoritários poderão vencer caso uma fusão aconteça”, comentaram os analistas.

Em resposta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a movimentação, a BRF disse não ter conhecimento de qualquer fato ou informação não pública que possa justificar as oscilações, com relação à cotação e ao volume de negociação das ações de sua emissão, em fato relevante divulgado hoje.