São Paulo – A venda da Braskem por seus acionistas majoritários Petrobras e Novonor (ex-Odebrecht) está em andamento e, apesar de positiva para as empresas, deve ficar longe do considerado ideal para a Novonor, o que deve postergar ainda mais o processo, disse o BTG Pactual, em relatório.
Em análise sobre a operação de possível venda da companhia, o BTG reitera a recomendação de compra da ação da Braskem, mas recomenda cautela, considerando que nenhuma opção nessa operação é trivial, e o capítulo final ainda pode estar distante. “Até certo ponto, todos lances potenciais oferecem algum espaço para desbloquear parte do valor da Braskem, então o mercado pode aprovar qualquer sinal de progresso nas negociações. E achamos que as ações da Braskem estão perpetuando um ciclo de spreads baixos de petchem, negociando abaixo do múltiplo de 4 vezes o ebitda, abaixo da média histórica de 5 vezes. Somos compradores”, afirmam.
O banco de investimentos é uma das partes citadas na transação envolvendo a gestora norte-americana Apollo e a petroquímica Unipar, que fizeram propostas para comprar 100% da Braskem. A Petrobras tem 36,1% do total do capital da empresa, e a Novonor, 38,3%.
O fundo de private equity Apollo fez uma oferta de 100% de participação na Braskem por R$ 40 por ação (um prêmio de 9% em relação ao último preço de fechamento), o BTG para adquirir a dívida da Novonor que é conversível em ações da Braskem e a Unipar teria oferecido a aquisição das operações da Braskem em São Paulo, diz o relatório, citando notícia divulgada pelo jornal “Valor Econômico” na sexta-feira (29/7).
Os analistas do BTG opinam que a oferta da Apollo é a mais simples e (potencialmente) mais rápida de ser aprovada, considerando que a estratégia de venda do ativo mudou algumas vezes, mas que buscar um comprador estratégico sempre pareceu a opção preferida dos acionistas, o que pode alinhar melhor os controladores e interesses dos minoritários no curto prazo. A ressalva é que o preço implica uma verificação de R$ 11 bilhões para a Novonor, insuficiente para cobrir seus cerca de R$ 14 bilhões dívida com os credores.
Eles lembram que, no início do ano, a demanda por ações da Braskem não muito distante desse preço foi considerada insuficiente para que os controladores da empresa aprovassem a venda de parte sua participação na companhia por meio de uma oferta secundária (follow-on).
“Por outro lado, Apollo é o candidato mais óbvio para potencialmente aumentar sua oferta e vencer uma guerra de lances, o que poderia desencadear ainda mais alta para as ações da Braskem”, ponderam.
Já em relação à oferta da Unipar, eles disseram que não é o que aNovonor ou a Petrobras procuram. “Não sabemos quanto a Unipar ofereceu para as operações da Braskem em São Paulo, mas vemos as probabilidades mais baixas deste resultado. Como dito acima, achamos que a Novonor e a Petrobras preferem vender a Braskem como um todo.”
“Embora não prevejamos grandes desvantagens para os investidores se as operações da Braskem no Brasil, Estados Unidos, Europa e México sejam vendidas separadamente, dada a baixa integração dessas unidades de negócios, vemos sinergias dentro dos negócios integrados do Brasil, razão pela qual os controladores da petroquímica podem não optar por este cenário”, escreveram os analistas do BTG. “Mas o preço pode ser atraente, e o prêmio de preço implícito para os ativos de São Paulo (17% da capacidade de produção da BRKM) pode justificar vendê-los separadamente.”
O QUE AS EMPRESAS DISSERAM
A Braskem disse que, como não conduz eventuais negociações de suas acionistas Novonor (ex-Odebrecht) e Petrobras para a venda de suas participações na companhia, solicitou esclarecimentos em relação à notícia que circulou no mercado na última sexta-feira, de que a gestora norte-americana Apollo, o banco BTG Pactual e a Unipar fizeram proposta para comprar a petroquímica. Os acionistas negaram a conclusão da operação.
“Em atendimento ao questionamento abaixo, a Novonor reitera suas manifestações anteriores no sentido de que, até o presente momento, não houve evolução material em relação a qualquer alternativa relacionada à alienação de sua participação na Braskem. Sendo o que nos cabia para o momento, permanecemos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais”, disse a acionista da Braskem.
A Braskem também reproduziu o comunicado da Petrobras, que já havia se manifestado na sexta-feira, reafirmando que sua participação na Braskem faz parte da carteira de ativos à venda pela companhia, conforme divulgado no Plano Estratégico 2022-2026 e que não está conduzindo nenhuma estruturação de operação de venda no mercado privado.
Na última sexta-feira, uma fonte do mercado financeiro que não quis se identificar disse à Agência CMA que a gestora norte-americana Apollo, o banco BTG Pactual e a Unipar fizeram propostas para comprar 100% da Braskem. A Petrobras tem 36,1% do total do capital da empresa, e a Novonor, 38,3%.
“Se essa venda é efetivada entra para o caixa da Petrobras cerca de R$ 11 bilhões”, disse a fonte, que atribuiu a alta das ações da Petrobras no pregão de sexta-feira ao bom resultado no 2T22, pagamento de dividendos e à notícia da venda da Braskem. No fechamento, a ordinária da Petrobras PETR3, e a preferencial avançaram perto de 6%. A ação da petroquímica (BRKM5) também apontou ganho expressivo, de 4,78% e os papéis ficaram entre as maiores altas do Ibovespa no dia 29 de julho.
Perto do fechamento do pregão desta segunda-feira, às 16h34 (horário de Brasília), a ação BRKM5 recuava 4,85%, a R$ 34,91 e era a maior baixa do Ibovespa.