BTG vê queda nas margens da carne bovina nos EUA; JBS e Marfrig serão afetadas

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São Paulo, SP – O BTG Pactual disse hoje que o super ciclo do gado dos Estados Unidos parece estar próximo do fim, ou seja, a maior oferta de animais, a capacidade de abate restrita e a forte demanda do consumidor não estão no mesmo patamar que nos últimos anos.

“Esta poderosa combinação permitiu que empresas crescessem, desalavancassem e acelerassem a distribuição de dinheiro ao mesmo tempo. Mas, para nós, isso sempre pareceu temporário. Esperamos que os ventos favoráveis agora comecem a diminuir, assim como as margens do produtor de carne bovina dos EUA”, comentou o BTG.

Para a corretora, os efeitos da possível diminuição não devem tem grandes efeitos para a JBS, que, ao longo dos anos, encontrou uma forma de lidar com a volatilidade das margens
inerente ao negócio de proteínas, diversificando fortemente sua base de receitas.

“Isso deve ser suficiente para acomodar a maior parte do risco que os investidores normalmente associam ao setor. Embora a empresa não esteja imune a uma desaceleração do ciclo do gado nos EUA, inflação de alimentos e real mais fraco, a empresa deve ter uma receita de R$ 380 bilhões este ano, crescimento de 86% em comparação a 2019, significando que os resultados nominais não devem voltar aos níveis de alguns anos atrás”, explicou a análise do BTG, que manteve recomendação de compra, com preço alvo de R$ 54.

Para a Marfrig, segundo o BTG, o efeito será maior, já que a empresa tem uma exposição mais profunda ao ciclo do gado dos EUA (68% das vendas ex-BRF), e os bons resultados de
seus negócios na América do Sul não conseguirão suprir a queda nas margens da carne bovina dos EUA.

“A aquisição da participação da BRF é positiva, com novas opções para a companhia, mas a alavancagem pode mais uma vez se tornar um ponto a ser observado se as margens dos EUA ficarem abaixo do histórico em algum momento”, apontou a corretora, que manteve a
recomendação neutra, com preço alvo de R$ 17.