São Paulo — O presidente da unidade de St. Louis do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), James Bullard, disse que sem uma ação forte do órgão sobre as taxas de juros, a inflação pode se tornar um problema ainda mais sério.
“Estamos correndo o risco de que esses altos níveis de pressão inflacionária não se dissipem logo”, disse ele durante uma palestra na Universidade de Columbia. “O problema é algo inesperado acontecer no curto-prazo e atrasar os planos de controle de inflação que tempos”.
Bullard, que possui poder de voto no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) este ano, tem sido um grande defensor de uma ação mais agressiva do Fed. Em outro discurso, ele chegou a defender um aumento dos juros de 1,0 ponto percentual (pp) até julho.
Para ele, o banco acreditou demais na ideia de que a inflação se dissiparia naturalmente no futuro. “Corremos o risco de que a inflação não se dissipe e 2022 será o segundo ano consecutivo de inflação bastante alta. É por isso que, dada essa situação, o Fed deve se mover mais rápido e de forma mais agressiva do que teríamos em outras circunstâncias”, falou ele.
O Fed indicou que provavelmente começará a aumentar as taxas de juros em março, o que seria o primeiro aumento em mais de três anos. A maioria acredita que haverá um aumento de 0,25 pp, depois que o conselho demonstrou querer ser cauteloso no processo de aperto.
Bullard disse que a próxima mudança na política não deve ser vista como uma tentativa de restringir os mercados e a economia.
“Não é uma política rígida. Não deixe ninguém lhe dizer que é uma política rígida”, disse ele. “É a remoção de acomodações que sinalizará que levamos nossa responsabilidade a sério”. Para ele, o mercado já precificou a ação e o setor de Treasuries mostra que a confiança no banco central continua intacta.
Bullard também acredita que a diminuição do balanço do Fed deveria começar no segundo trimestre. “Os dados estão se movendo rapidamente, uma mudança na nossa perspectiva não deverá ser surpresa”, afirmou. Segundo ele, em cinco anos será possível alcançar o nível ideal de inflação do banco central, que é atualmente uma meta de inflação média de 2%.