São Paulo – A taxa de câmbio do Brasil “provavelmente passou” do nível neutro, ainda que este nível tenha aumentado nos últimos anos por causa da mudança no mix de políticas econômicas, afirmou o ministro da Economia, Paulo Guedes.
“Entendo que mesmo que a taxa de câmbio de equilíbrio esteja alta, provavelmente [a taxa atual] passou” deste nível, disse o ministro durante um evento promovido pelo Brazil-US Business Council.
Ele acrescentou que o real deve voltar a se valorizar uma vez que a economia brasileira retome o crescimento, o que deve acontecer dentro de três a quatro meses se a vacinação contra a covid-19 caminhar conforme o esperado.
Guedes também disse que a alta da taxa básica de juros (Selic) anunciada pelo Banco Central (BC) deve enfraquecer a inflação daqui para frente e manter a alta de preços dentro dos limites previstos. Segundo ele, o BC começou o ciclo de aperto da política monetária “um pouco antes” de onde estavam as estimativas e isto deve fazer com que a inflação “se mova em direção à meta”.
Em março, o BC elevou a Selic de 2,00% para 2,75% e indicou que no início de maio a taxa subirá para 3,50%, de forma a conter a aceleração da inflação.
ORÇAMENTO
O ministro voltou a dizer que os problemas com o orçamento de 2021 foram motivados pela dificuldade de coordenação dos acordos políticos que foram feitos em torno do tema.
“Temos problema temporário agora com aprovação do orçamento, mas acho que foi a primeira vez que nosso governo construiu com o Congresso. É mais um problema de coordenação, de fazer o exercício pela primeira vez, do que outra coisa”, disse Guedes.
O principal problema com o orçamento de 2021, além do atraso na aprovação, foi o fato de as despesas obrigatórias terem ficado abaixo do nível necessário para honrar os compromissos do governo. Isso significa que, da forma como está, o governo teria que cortar as despesas discricionárias – o que poderia paralisar a máquina pública – ou deixar de pagar servidores e aposentados para respeitar o teto de gastos.
Durante o evento, Guedes ressaltou que o governo e sua base no Congresso estão avaliando como resolver a situação, visto que os caminhos fáceis são ou juridicamente sólidos e politicamente inconvenientes ou juridicamente inconvenientes e politicamente sólidos.
Ele ressaltou, porém, que “não se pode executar [o orçamento] do jeito que está. Está grande demais. Os acordo políticos devem caber no orçamento. Não podemos concordar politicamente se houver mais do que podemos dar”, disse o ministro, repetindo comentários feitos recentemente a respeito do tema.