Caminho de recuperação permanece longo e incerto, diz Lagarde, do BCE

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São Paulo – A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse que o caminho da recuperação da zona do euro
da crise gerada pela pandemia novo coronavírus permanece longo e incerto, e que as medidas de estímulos da instituição contribuem para fortalecer o sistema financeiro.

“O caminho da recuperação da crise atual permanece longo e incerto”, disse Lagarde, em vídeo durante o Fórum Financeiro Internacional Paris Europlace. “Países ao redor do globo, incluindo na zona do euro, estão vendo ressurgimento de infecções de covid-19”, acrescentou.

“No ambiente atual, as demandas em finanças serão multifacetadas. A pandemia vai testar a adaptabilidade e flexibilidade do nosso sistema financeiro. Vai acelerar a mudança em direção a digitalização e a uma economia neutra em carbono”.

Segundo ela, na medida em que a pandemia chegou à Europa, “os bancos agiram como uma retaguarda crucial para a nossa economia”, devido aos altos colchões de capital mantidos desde a crise financeira de 2008, e à medidas de política monetária adotadas pelo BCE.

“Nossas medidas que adotamos desde o início desde crise devastadora contribuíram para aliviar as condições financeiras e melhorar e restaurar a capacidade de absorção de choques de nosso setor financeiros inteiro”, disse ela, citando também a importância das medidas fiscais. Juntas, elas “criaram condições para bancos e mercados de capitais apoiarem a recuperação econômica”.

Lagarde também destacou que um sistema financeiro diverso pode distribuir melhor os riscos e alocar recursos de forma mais eficiente. Segundo ela, um ambiente de baixos juros testa a habilidade dos bancos de se adaptar a mudanças. “Mais digitalização e consolidação, doméstica e no exterior, vai fortalecer o setor bancário e reduzir excesso capacidade”.

Além disso, “um mercado de capitais integrado é necessário para acelerar a transição digital e verde da economia”. Lagarde pediu aos legisladores europeus que façam progresso no novo plano de ação para a União dos Mercados de Capitais, apresentado pela Comissão Europeia. “A saída do Reino Unido da UE nos fez acelerar esta união”.

Para ela, outro pilar e um sistema bancário forte é uma infraestrutura moderna nos mercados financeiros, como soluções comuns de pagamentos com menores custos e riscos. Ela defendeu a Iniciativa Europeia de Pagamentos, um plano de integração de pagamentos.

A presidente do BCE disse ainda que o banco estuda a implementação do euro digital como complemento ao dinheiro físico, não como substituição. “Estamos cuidadosamente explorando os benefícios, riscos e desafios operacionais de introduzir uma moeda digital”, disse.

Por fim, ela destacou o aumento do papel de instituições não bancárias na transmissão da política monetária, e esse será um dos focos da revisão estratégica do BCE, que foi retomada após uma pausa devido à pandemia do novo coronavírus.

O BCE precisa “garantir transmissão da política tanto para bancos quanto para o mercado de capitais”, e o programa de compra de emergência pandêmica (PEPP, na sigla em inglês) atua nos dois canais. “As compras de ativos tiveram um efeito estabilizador na economia como um todo”, concluiu.