Campanha de Lula estuda saída da atual política de preços da Petrobras, diz FUP

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São Paulo – A Federação Única dos Petroleiros (FUP) disse que a equipe da campanha à Presidência da República de Lula e Alckmin estuda transição progressiva e segura para a saída da política de preço de paridade de importação (PPI) adotada pela Petrobras. A afirmação foi feita após reunião dos petroleiros com a coordenação do programa de governo Vamos Juntos pelo Brasil, da chapa do ex-presidente, ontem (30/6), na sede da FUP, no Rio de Janeiro (RJ).

Segundo a FUP, o PPI foi um dos temas centrais do debate. “O consenso geral é de que a Petrobrás precisa voltar a ser uma empresa integrada e recuperar seu papel estratégico de indução do desenvolvimento regional e nacional”, disse a FUP, em nota.

Haverá uma estratégia consistente, responsável, de transição progressiva para sair do PPI e abrasileirar o preço dos derivados, construindo uma média ponderada do que é importado e do que é produzido no Brasil, disse o coordenador do programa de governo da chapa Lula-Alckmin, Aloizio Mercadante, acreditando que o gás de cozinha poderá ter uma transição segura muito rápida.

Segundo Mercadante, não faz sentido nivelar por cima o preço. Isso é um instrumento para desnacionalizar a Petrobrás, privatizar refinarias, desmobilizar ativos.

Em sua opinião, também não faz sentido pegar recursos fiscais para subsidiar o preço da gasolina. Tudo isso tem prazo de validade, até o final do ano, e deixa uma bomba fiscal para o próximo governo.

O coordenador do programa de governo da chapa Lula-Alckmin destacou que a Petrobrás precisa recuperar seu papel estratégico de indução do desenvolvimento e seus instrumentos de mitigação de choques externos de preços. Esse processo de esquartejamento da Petrobrás está terminando com a presença regional da empresa. A Petrobrás está contratando agora quinze plataformas. Nenhuma a ser produzida no Brasil, criticou Mercadante, observando que o Brasil é hoje o décimo produtor mundial de petróleo e o nono maior consumidor, o que representa importante vantagem competitiva.

No processo de valorização da Petrobrás e da cadeia industrial do petróleo, a retomada dos investimentos da empresa, inclusive no refino, no setor de fertilizantes e transição energética, está entre as prioridades, disse a FUP.

O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, destacou que a participação dos investimentos totais da Petrobrás na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF)caiu de 11%, em 2009, para apenas 2,8% em 2021, segundo dados elaborados pelo Dieese/subseção FUP, com base nos relatórios da petroleira.

Bacelar disse ainda que o fator de utilização das refinarias da Petrobrás (FUT), depois de chegar a mais de 90% entre 2007 e 2014, caiu para 76% em 2018 e retomou o patamar de 80% de 2020 para cá. Segundo ele, o projeto implementado em 2016 de venda de nove refinarias (50% da capacidade de produção) e redução de investimentos tem efeitos diretos sobre a produção de derivados da Petrobrás.

O dirigente da FUP afirmou ainda que, na esteira do PPI e dos altos preços dos combustíveis, houve aumento substancial no número de importadores e exportadores de derivados de petróleo (tradings). Em junho de 2008 eram 192 agentes, total que passou para 363 em agosto de 2016; e atingiu 634 importadores/exportadores em dezembro de 2021.

A FUP atribui ao PPI e ao governo Bolsonaro a elevação dos preços da gasolina, na refinaria, de 169,1%, do diesel de 203,6% e do gás de cozinha de 119,1%. “Enquanto isso, o salário mínimo aumentou 21,4% no mesmo período”, aponta a entidade.