Campos Neto reitera que estuda medida para reduzir compulsório bancário

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Por Gustavo Nicoletta

São Paulo – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a dizer que uma das medidas em estudo pela instituição, para determinar o quanto da carteira de um banco pode ser usada como garantia nas operações em que a instituição financeira precisar de liquidez, pode “reduzir bastante” as taxas de compulsório bancário.

Durante um discurso em evento do Conselho das Américas, ele afirmou que o BC quer elaborar um sistema para precificar os créditos privados detidos pelos bancos para determinar o volume de garantias que o banco pode oferecer caso precise de empréstimos emergenciais do BC.

“Vamos fazer sistema de precificação dos créditos, começando com debêntures e notas comerciais, para se um dia tiver plano de liquidez o Banco Central poder fazer empréstimo para o banco podendo precificar a carteira de crédito dele em garantia”, disse Campos Neto.

Segundo ele, isso permitiria extrair valor de crédito privado para um momento emergencial, algo que hoje não é possível. O presidente do BC acrescentou que as implicações deste tipo de medida são diversas, mas a mais relevante seria a redução do compulsório.

“A gente pode reduzir bastante o compulsório. A gente fica mais parecido com países internacionais e vai criar mercado de financiamento de crédito privado que vai estimular o próprio crédito privado”, acrescentou.

Campos Neto já havia apresentado esta proposta no início de agosto, durante um evento do BTG Pactual. Na ocasião, ele mencionou que o plano poderia causar uma “redução grande e estrutural” dos compulsórios bancários. No final do mês passado, ele voltou a mencionar o plano.

O QUE É O DEPÓSITO COMPULSÓRIO

Quando uma pessoa vai a um banco e realiza um depósito, parte do valor é recolhido pela instituição financeira no BC na forma de um depósito compulsório.

Segundo o BC, os depósitos compulsórios foram criados inicialmente para influenciar a quantidade de moeda na economia, mas assumem também o papel de reservas de emergência que podem ser usadas pelas instituições financeiras em situações de crise como a que ocorreu em 2008.

Na medida em que parte dos recursos captados pelos bancos fica recolhido no BC, estes emprestam menos do que poderiam, reduzindo, assim, a sua exposição ao risco de um calote. Taxas de compulsório menores, porém, significam mais dinheiro à disposição dos bancos para empréstimos.