São Paulo – A guerra na Ucrânia não deve ter forte impacto na demanda por proteínas brasileiras, já que Rússia e Ucrânia são compradores com pouca relevância comparados a outros países. Juntos, suas importações representam no mercado global 1,9% de carne bovina, 2,6% da proteína de frango e 1,1% de suínos. A análise foi divulgada hoje pelo BTG Pactual.
Segundo os analistas, nos últimos anos, a Rússia tem diminuído sua dependência na importação de proteínas e investindo na produção interna, e a Ucrânia nunca foi um mercado relevante para as exportações brasileiras de proteína.
O relatório destaca que a Minerva é a empresa de proteína que tem a maior exposição na região, 6% de suas vendas consolidadas em 2021. Mas a forte demanda chinesa e norte-americana, deve manter o bom desempenho da companhia enquanto durar o conflito.
A análise lembra que Rússia e Ucrânia não são grandes exportadores de carne bovina e suína, mas tem uma pequena relevância no mercado de frango, com cerca de 5% do total, 3,3% apenas da Ucrânia.
Para o banco de investimentos, empresas como BRF e Seara, da JBS, podem se beneficiar como o aumento de preço devido às limitações de produtos russos e ucranianos para o Oriente Médio. Por outro lado, as empresas devem enfrentar pressões de custos adicionais que pode prejudicar as margens, pelo menos até que os níveis de produção de aves e suínos se ajustem.
No setor de grãos, o relatório informa que os dois países têm um importante papel nas exportações de trigo e milho. A Rússia é o maior exportador de trigo e a Ucrânia ocupa a quarta posição. Juntas, suas exportações correspondem por 30% do trigo global, 19% do milho e 80% do óleo de girassol.
Por fim, o relatório aponta que o aumento dos preços dos grãos, especialmente o trigo, deve impactar nos resultados da M. Dias Branco, que tem na commodity 48% do seu CPV em 2021. A Ambev também deve ser impactada, embora a política de hedge da empresa possa lhe dar alguma flexibilidade para diminuir os impactos nos resultados de 2023.