Carrefour pede desculpas por crime no RS; empresas repercutem caso

O crime ocorreu na noite de quinta-feira, véspera do Dia da Consciência Negra, e desencadeou uma onda de protestos pelo Brasil

887

São Paulo – Após o registro em vídeo do espancamento de um cliente negro até a morte em uma de suas lojas em Porto Alegre (RS) por vigias que prestavam serviço de segurança à empresa, o Carrefour Brasil pediu desculpas num comunicado transmitido durante o intervalo do Jornal Nacional, na Rede Globo.

O crime ocorreu na noite de quinta-feira, véspera do Dia da Consciência Negra, e desencadeou uma onda de protestos pelo Brasil, além da circulação de notícias sobre episódios de discriminação, descaso e violência no Brasil envolvendo a empresa.

O presidente da empresa no Brasil, Noel Prioux, classificou o crime como “uma tragédia de dimensões incalculáveis” e disse que se uma crise como essa está acontecendo com a empresa, ela tem “a responsabilidade de mudar isso na sociedade”, sem detalhar quais seriam essas medidas.

A empresa também procurou desvincular a ocorrência da sua política de Recursos Humanos. O vice-presidente da empresa para a área, João Senise, disse que o assassinato “não representa os valores da empresa, pois 57% dos funcionários são negros e negras e mais de um terço dos gestores se declaram pretos ou pardos.” Em seguida, o executivo disse que “isso não é o bastante” e que “são necessárias mais ações concretas e efetivas para aumentar a diversidade.”

Antes disso, na sexta-feira, o presidente do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, manifestou-se pelo Twitter dizendo que pediria “a revisão completa das ações de treinamento dos colaboradores e de terceiros, no que diz respeito à segurança, respeito à diversidade e dos valores de respeito e repúdio à intolerância.”

O Carrefour também anunciou o rompimento do contrato com o Grupo Vector, que prestava serviços de segurança terceirizados à rede varejista.

REPERCUSSÃO

Em reação ao episódio, a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial anunciou o desligamento do Carrefour por tempo indeterminado das suas atividades e participação no grupo. A entidade reúne 73 signatárias, que inclui empresas de capital aberto como a Ambev, Banco do Brasil, Bradesco, Coca-Cola, GPA, Magazine Luiza e Petrobras.

A Ambev publicou uma nota em suas redes sociais em que convoca o Carrefour a adotar medidas imediatas e efetivas e para trabalhar junto com a empresa para “promover mudanças estruturais com urgência”.

Edição: Gustavo Nicoletta (g.nicoletta@cma.com.br)