São Paulo – A Bolsa abriu em queda e no início da tarde mudou de direção, operando até o fechamento em território positivo. O principal índice da B3 encerrou os negócios em alta 0,40%, aos 119.297,72 pontos. A máxima do dia foi de 119.529,16 pontos e o volume financeiro atingiu R$ 29 bilhões. De acordo com uma fonte, a Bolsa está com baixa liquidez e “o mercado não é vendedor”. Há muita cautela por parte dos investidores, disse a fonte.
A alta do Ibovespa é atribuído à boa performance das bolsas norte-americanas -o índice Dow Jones subiu 1,05% e S&P acelerou 0,44%- e ao avanço dos papéis do setor de varejo, afirmou o analista Victor Bueno, da Top Gain. Os dois fatores estavam “puxando o índice” na sessão de hoje.
Ele ressalta que as empresas de varejo apontaram avanço no pregão de hoje devido ao crescimento de 0,6% das vendas no varejo divulgadas esta manhã pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE).
As ações do Magazine Luiza (MGLU3) subiram 2,54% e Lojas Americanas (LAME4) aceleraram 9,30% e Lojas Renner (LREN3) ganharam 1,07%.
O cenário político segue no radar dos investidores. “O grande assunto ainda é a indefinição sobre a Lei Orçamentária; o destaque fica por conta da possível PEC defendida pelo ministro da Economia que tiraria as despesas da pandemia do teto de gastos”, afirmam os analistas da Ativa Investimentos.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) iniciou a leitura do requerimento do ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF) para a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 para investigar as atuações do governo federal no enfrentamento à pandemia.
O dólar comercial fechou em queda de 0,13% no mercado à vista, cotado a R$ 5,7170 para venda, após reduzir as perdas no fim da sessão marcada por forte volatilidade. A moeda passou a acompanhar o exterior ao longo da tarde, onde a moeda norte-americana perdeu terreno para as divisas pares e de países emergentes, acompanhando a baixa do rendimento das taxas de juros futuros dos títulos do governo norte-americano, as treasuries. Aqui, o mercado segue atento aos desdobramentos em torno do Orçamento de 2021, ainda indefinido.
A volatilidade foi mais intensa até o início da tarde, quando a moeda operou nos campos positivo e negativo, sem tendência única. Na segunda parte dos negócios, o dólar renovou mínimas sucessivas a R$ 5,66 em linha com o exterior, reagindo ao leilão de US$ 24,0 bilhões das treasuries com vencimento de 30 anos, no qual a demanda ficou acima da média.
O analista da Portofino, Thomás Gibertoni, reforça que o movimento observado nos títulos dos Estados Unidos levou o dólar ao enfraquecimento e refletiu no mercado doméstico. Ainda lá fora, saiu o resultado de março da inflação norte-americana, no qual subiu 0,6% ante fevereiro. “Apesar de vir um pouco acima do consenso [de 0,5%], não leva neste momento preocupação ao banco central de lá [Federal Reserve, Fed]”, comenta.
O analista reforça que as sinalizações do Fed são bem claras de uma política estimulativa que deve manter as taxas atuais no mesmo patamar até, pelo menos, 2023, mesmo que a inflação fique ligeiramente acima da média por algum período de tempo. “Isso, em conjunto com uma política de expansão fiscal, favorece o enfraquecimento do dólar frente outras moedas”, ressalta.
Amanhã, o destaque na agenda é o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, em um evento pela internet e a divulgação do Livro Bege pela autoridade monetária norte-americana. Para o estrategista macroeconômico da XP, Victor Scalet, amanhã e no curto prazo, o exterior não mudará o foco, que segue na inflação, na recuperação econômica e no ritmo de vacinação contra a covid-19 nas principais economias.
“O mercado sempre acompanha de perto quando o Powell fala. Mas o Fed não tem mudado muito o discurso. Como as treasuries têm ficado de lado nos últimos dias, se ele repetir o discurso, não deverá ter grande efeito no dólar. Enquanto aqui, investidores seguem atentos se o [presidente Jair] Bolsonaro vetará ou não as emendas parlamentares do Orçamento”, avalia Scalet.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em alta diante da instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar falhas na reação do governo à pandemia. Analistas observam que as investigações do Senado têm o potencial de desgastar ainda mais o presidente Jair Bolsonaro, prejudicando o andamento de pautas econômicas exigidas pelo mercado.
Com isso, o DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 4,780%, de 4,735% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,710%, de 6,605% o DI para janeiro de 2025 ia a 8,39%, de 8,28% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 9,02%, de 8,93%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram o dia sem uma direção comum, mas o S&P 500 renovou recorde após dados mostrarem uma aceleração da inflação no país no mês passado.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -0,20%, 33.677,27 pontos
Nasdaq Composto: +1,05%, 13.996,10 pontos
S&P 500: +0,32%, 4.141,59 pontos