Cautela por decisões dos BCs faz bolsa e dólar caírem

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São Paulo – A Bolsa fechou em leve queda de 0,08%, aos 130.091,08 ponto, em dia com liquidez reduzida e com investidores mantendo cautela à espera das definições, amanhã, sobre a política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. Somado a isso, também tem vencimento de opções sobre o Ibovespa. O Ibovespa operou praticamente toda a sessão em baixa, com exceção no início dos negócios que registrou volatilidade entre perdas e ganhos.

Para a equipe de research e estratégia da Terra Investimentos, os investidores começam a ter mais atenção para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). “A expectativa é que o Banco Central eleve a taxa [básica de juros] em 0,75 ponto porcentual, porém com mudança no discurso, mostrando possibilidades de novas altas no curto prazo, ou na mesma magnitude ou um pouco mais agressivas, próximo a 1,00 ponto porcentual”, explica.

A taxa básica de juros, Selic, será divulgada amanhã após o fechamento do mercado.

Em relação à definição do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), a equipe de research e estratégia acredita que será mantida a política monetária expansionista.

O analista José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, comenta que “o volume baixo mostra cautela do investidor em relação ao que pode ser anunciado amanhã, ninguém quer se arriscar”.

Ele acredita na manutenção da taxa de juros nos Estados Unidos entre zero e 0,25%, no entanto enfatiza que “devemos observar o discurso de Jerome Powell [presidente do banco central norte-americano]”. Após o anúncio do Fed, a autoridade monetária dá uma coletiva de imprensa para falar sobre a decisão do colegiado.

Pela manhã saíram alguns indicadores norte-americanos piores que o esperado pelos analistas. O índice de preços ao produtor dos Estados Unidos (PPI, sigla em inglês) teve alta de 0,8% em maio ante o mês anterior e as vendas no varejo caíram 1,3% em maio ante abril, descontados os fatores sazonais.

“Com esse resultado ficou um pouco preocupante em relação à taxa de juros amanhã”, enfatiza Rodrigo Friedrich, sócio da Renova Invest. Mas ainda acredita que governo deve manter a taxa de juros baixa para fomentar a economia.

O dólar comercial fechou em queda de 0,57% no mercado à vista, cotado a R$ 5,0420 para venda, em sessão volátil, com investidores à espera das decisões de política monetária do Fed e do Banco Central brasileiro, amanhã, na chamada “super quarta”.

Perto do fim do pregão, a divisa estrangeira passou a cair frente ao real com o mercado doméstico precificando uma possível “surpresa” do Copom podendo elevar a Selic em 1,0 ponto percentual (pp) e não em 0,75 pp como a autoriade monetária já havia sinalizado e é consenso do mercado, conforme o levantamento do Termômetro CMA.

O diretor de uma corretora nacional reforça que a moeda norte-americana inverteu o sinal e passou a cair em meio ao fluxo de entrada de recursos estrangeiros. “Possivelmente, das últimas captações externas”, diz, acrescentando que também pode ser pela expectativa com a taxa Selic amanhã, em meio à aposta de alta a 4,50% ao ano, no qual a possibilidade aumentou hoje.

“Tem uma aposta sim, mas minoritária. Mas a leitura que o mercado faz é que pode ter um fluxo de renda fixa para o mercado doméstico após a decisão do Fed”, comenta a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. O comunicado do banco central dos Estados Unidos será divulgado às 15 horas e o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, concederá entrevista coletiva na sequência. Amanhã, o Fed também divulgará as projeções econômicas para o país

Já o comunicado do Copom será publicado a partir das 18h30 e para o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, o mercado aguarda um tom “mais hawkish” (duro) do documento e o BCl deve retirar o trecho de “normalização parcial” presente nos documentos anteriores.

Amanhã, o mercado deverá ficar em “compasso de espera” até sair a decisão do Fed, diz Abdelmalack. Ela lembra que, mais tarde, saem os dados de vendas no varejo e da produção industrial na China, em maio, e que podem mexer com a abertura do mercado.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em leve alta com os investidores mais uma vez promovendo ajustes em relação à expectativa quanto aos próximos passos dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos, cujas reuniões de política monetária começaram hoje e terminarão amanhã.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 5,38%, de 5,34% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,990%, de 6,945%; o DI para janeiro de 2025 encerrou estável a 7,97%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,40%, de 8,44%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o dia em queda, depois que novos dados mostram que os norte-americanos reduziram o ritmo de gastos em maio. As perdas aconteceram na véspera do anúncio da decisão de política monetária e das novas projeções econômicas do Federal Reserve (Fed, o banco central do país).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,27%, 34.299,33 pontos

Nasdaq Composto: -0,71%, 14.072,90 pontos

S&P 500: -0,20%, 4.246,59 pontos