CCR mostra apetite para investir em novos projetos e aeroportos

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São Paulo – A CCR afirmou que deve priorizar investimentos nos mercados em que já atua nos próximos cinco anos – rodovias, mobilidade urbana e aeroportos – e está avaliando diversos projetos, considerando crescimento inorgânico e entrada em leilões.

Um dos destaques é a sua intenção de fortalecer sua presença no segmento aeroportuário, integrando os aeroportos que ganhou a concessão recentemente e avaliando participar do certame da sétima rodada de aeroportos, que incluirá ativos como o aeroporto de Congonhas, em São Paulo (SP), e o de Santos Dumont, no Rio de Janeiro (RJ), vistos como chave para a companhia.

“Hoje, estamos em processo de integração da plataforma, primeiro a gente assume a operação de 15 aeroportos que são super heterogêneos e temos que construir todo o aparato de gestão, buscando ganhos de eficiência. Atualmente, somos o maior player aeroportuário do País em número de aeroportos, passamos a ter protagonismo dentro do setor.”, disse o presidente da CCR, Marco Cauduro, durante o “investor day” da CCR.

“Aeroportos como o de Congonhas e Santos Dumont, na sétima rodada são chave para posicionamento na região. Avaliamos participar da sétima rodada e olhamos para oportunidades inorgânicas e uma vez que um ativo esteja consolidado, não descartamos um evento de liquidez, seja um IPO, mas hoje o foco é consolidar os ativos, integrar a plataforma”, disse ainda Cauduro.

A companhia disse também ter interesse na concessão do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), cuja relicitação foi recentemente aprovada. O ativo faz parte da estratégia da companhia de reforçar sua posição no segmento aeroportuário e ainda dentro do estado de São Paulo.

Recentemente, a CCR celebrou uma negociação com o governo do estado de São Paulo que durava mais de 10 anos sobre passivos e litígios em concessões, o que, segundo o presidente da empresa, além de liberar mais de R$ 8 bilhões de valor para a empresa, pode ajudar em novos investimentos por meio de aditivos e outros.

“Uma vez solucionada essa negociação, a gente não só limpa a mesa, mas cria condições e incentivos para que se invista em novos projetos de interesse público. Há vários projetos, alguns maduros, alguns ainda em desenvolvimento, é uma oportunidade gigante a taxas de retorno decentes”, afirmou Cauduro.

Já sobre a possível entrada no mercado de saneamento básico, que a companhia chegou a avaliar e estudar participar de leilões, Cauduro disse que houve um aprendizado com essa fase de estudos, mas que o segmento não está na previsão do plano de investimentos da empresa nos próximos cinco anos, que preferiu priorizar os segmento nos quais já atua.

ELEVAÇÃO DOS JUROS E ELEIÇÕES

De acordo com o executivo, mesmo o cenário atual de elevação da taxa Selic diante da inflação e de eleições presidenciais no ano que vem não devem atrapalhar os planos da CCR, que afirma pensar no longo prazo e não em fatores conjunturais.

“Por mais que se tenha eleição no ano que vem e a curva de juros esteja mais inclinada, nunca tivemos um ambiente de negócios tão favorável para investimentos em infraestrutura, não tínhamos um marco regulatório, hoje temos matriz de risco madura, marco regulatório, corpo técnico de alta qualidade na agência reguladora e no ministério. As condições são muito melhores do que há 20 anos atrás, por mais que se tenha incertezas, estamos aqui para tomar decisões de longo prazo, de 30 anos, e esses fatores não tiram o apetite da companhia”, reiterou.

A previsão é que é a elevação dos juros também não altere de forma significativa o endividamento e alavancagem da companhia, que tem como referência não passar uma alavancagem de 3,5 vezes o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), embora afirma que possa ultrapassar esse nível caso encontre um projeto que dê retorno e permita o planejamento de voltar abaixo desse patamar rapidamente.

AUMENTO DE CUSTOS

Em relação ao aumento da inflação e elevação de custos para a companhia em função de fatores como a subida de preços de commodities, a CCR disse que está sofrendo impacto principalmente devido ao aumento do preço do petróleo e do aço, mas que busca maneiras de mitigá-los.

“Estamos bastante expostos a algumas commodities como o petróleo, que é uma das matérias-primas mais importantes para o asfalto, por exemplo. Do ponto de vista do aço, também estamos expostos, porque usamos chapas de aço e também aço longo para grandes construções. Mas temos feito uma gestão ativa de pipeline de projetos, buscando novos fornecedores, parcerias e algumas medidas de redução de custos, como reaproveitar a primeira capa de asfalto”, disse o diretor de global service business, Marcio Iha.

Iha também afirmou que a maior parte dessa exposição não ocorre diretamente, mas através de contratos com construtoras, com boa parte dos contratos com uma parcela fixa e outra parte indexada a índices de construção civil.

NOVO ACIONISTA

Sobre o novo acionista da CCR, após a Andrade Gutierrez Participações assinar nesta semana o contrato para a venda de sua participação de 14,86% no capital social da companhia para IG4 Transport LP (em operação deve superar os R$ 4,5 bilhões), o presidente da CCR preferiu não comentar, já que o operação não está concluída.

No entanto, Cauduro disse esperar o que espera dos demais acionistas e conselheiros, que é o apoio para tomada de decisões e a colocação de desafios para a administração.