São Paulo – A China apelou aos Estados Unidos para não interferir em seus assuntos internos, e disse esperar diálogo e cooperação econômica, em meio a relatos de que Washington planeja sanções contra autoridades chinesas por desqualificar legisladores eleitos da oposição em Hong Kong.
“A tarefa urgente no momento é que os dois lados trabalhem juntos para remover todos os tipos de interferência e resistência para conseguir uma transição suave das relações sino-americanas”, disse o ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, em reunião do Conselho Empresarial EUA-China.
“Ao mesmo tempo, em uma direção que esteja de acordo com os interesses comuns dos dois países e dos dois povos, devemos esforçar-nos para reiniciar o diálogo, voltar ao caminho certo e reconstruir a confiança mútua na próxima fase das relações sino-americanas”, acrescentou ele, segundo texto publicado no site do Ministério e Relações Exteriores chinês.
A agência de notícias “Reuters” reportou hoje que os Estados Unidos estão se preparando para impor sanções a pelo menos uma dúzia de autoridades chinesas sobre seu suposto papel na desqualificação de Pequim de legisladores eleitos da oposição em Hong Kong. A reivindicação de Pequim sobre Taiwan também é um ponto de tensão com Washington.
Na semana passada, os Estados Unidos adicionaram a maior fabricante de chips da China, SMIC, e a gigante de petróleo CNOOC à lista de companhias sancionadas por suas ligações com atividades militares chinesas. Além disso, esta semana os congressistas norte-americanos devem votar um projeto que pode expulsar companhias chinesas das bolsas de valores dos Estados Unidos.
Ainda segundo Wang, a cooperação econômica e comercial entre China e Estados Unidos é “mutuamente benéfica e tem alcançado resultados em que todos ganham”. Ele disse que existem mais de 70 mil empresas financiadas pelos norte-americanos na China, 97% das quais são lucrativas.
Wang disse ainda que China e os Estados Unidos estão em diferentes estágios de desenvolvimento, e “é normal que algumas opiniões sejam diferentes”. Ele afirmou que a China cumpre seus compromissos com a Organização Mundial do Comércio (OMC) e “continuou a aprofundar as reformas e a expandir a abertura”.
Por fim, ele disse que a política de metas da China é clara, “construir um nível mais alto de sistema econômico aberto, que proporcione às empresas de vários países, inclusive dos Estados Unidos, um melhor ambiente de negócios e uma perspectiva de cooperação mais estável e previsível”.
As tensões entre os dois países tem se agravado há dois anos, quando a administração do presidente Donald Trump iniciou uma guerra comercial. Um acordo de primeira fase foi assinado em janeiro deste ano, enquanto diferenças permanecem.