São Paulo – A retórica usada pela Casa Branca indicando que a relação com a China na gestão de Joe Biden se dará sob uma posição de força foi confrontada por Pequim no primeiro dia de reuniões entre autoridades de alto escalão das duas maiores economias do mundo.
“Os Estados Unidos não falam conosco de uma posição de força”, disse Yang Jiechi, membro do órgão governante do Partido Comunista. “É impossível constringir o povo chinês”, acrescentou.
Esse é o primeiro encontro presencial, que acontece no Alasca, entre autoridades norte-americanas e chinesa desde que Biden assumiu a presidência dos Estados Unidos, em janeiro deste ano.
Yang, no entanto, reconheceu que uma boa relação entre Estados Unidos e China é positiva para ambos os lados. “A cooperação beneficiaria os dos lados e é algo que o mundo todo espera”, disse ele. “Temos muitos interesses em comum”, acrescentou.
Esse entendimento, porém, não será tão fácil de ser alcançado depois que os dois países protagonizaram uma guerra comercial sob a gestão de Donald Trump, com trocas mútuas de tarifas que só teve uma trégua após um acordo comercial de primeira fase – que não está sendo cumprido integralmente pela China devido à pandemia de covid-19.
Sob o acordo, Pequim se comprometeu a comprar bilhões de dólares em produtos e serviços norte-americanos em troca da suspensão de algumas sobretaxas. No entanto, a pandemia forçou o fechamento tanto da economia chinesa como da norte-americana, derrubando os níveis de compras previstos no pacto.
Além da pandemia, a postura dos próprios países podem ser um obstáculo. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse no encontro que quer usar a diplomacia para lidar com a China, mas acusou o país de subverter as regras internacionais.
“Algumas ações da China ameaçam a ordem e as regras internacionais”, disse ele sem dar mais detalhes.