São Paulo – A clareza da agenda do governo será necessária para que o mercado de capitais mantenha o ritmo de crescimento previsto para 2021 e também para que condições como a inflação sob controle e os juros baixos permaneçam, destacou o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, em evento com jornalistas.
“O mais importante para a manutenção do ritmo positivo é a clareza no andamento de agendas. Uma das maiores preocupações do mercado tem sido a garantia de preservar os ganhos passados que os mercados de capitais tiveram, que são principalmente a inflação sob controle, para que os juros possam permanecer em patamares baixos”, afirmou.
Para isso, afirmou é preciso ter clareza sobre o compromisso fiscal, com a preservação do teto de gastos, com sinalizações de que o governo não irá negligenciar gastos.
O presidente da B3 ainda disse que é importante também uma sinalização sobre quais reformas vão ser as prioritárias e se a agenda de diminuir o tamanho do Estado, vista durante a campanha do presidente do Jair Bolsonaro, irá se manter, com o avanço de privatizações e concessões.
“O compromisso fiscal com sinalização de priorização de reformas e a intenção de diminuir o tamanho do Estado, que foi o discurso das eleições, seria música para os ouvidos do mercado em 2021”, reiterou.
IPOs
Finkelsztain relembrou que o cenário de juros baixos ajudou várias empresas a abrirem o capital este ano, o que ainda acredita que foi ajudado pela simplificação do acesso ao mercado de ações e ao novo perfil de investidores que estão entrando na Bolsa. “É uma geração que começa a investir mais cedo, talvez tenha menos preconceito, não viveu as crises dos anos 80 e 90”, afirmou.
A avaliação do executivo é que o cenário e a demanda de investidores ainda permitiu que não só empresas de grande porte fizessem ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês), mas também empresas menores, com o segmento Novo Mercado sendo adequado para a entrada de empresas de todos os tamanhos. No entanto, afirma que a B3 deve continuar trabalhando na simplificação dos processos de abertura de capital, principalmente para atender empresas de menor porte.
Este ano, até novembro, os IPOs já tiveram volume de R$ 30 bilhões e as ofertas subsequentes de ações (follow-on) chegaram a R$ 69 bilhões, totalizando cerca de R$ 100 bilhões. O número já supera o do ano passado, quando o total de ofertas somou R$ 90 bilhões.