São Paulo – A demanda da China por proteínas deve seguir forte este ano, levando a JBS a prever aumento de exportações para o país a partir de diversas unidades, principalmente a partir dos Estados Unidos.
No caso da carne suína, apesar de a China estar recompondo rebanhos, depois ter sido fortemente impactada pela gripe suína africana, o diretor presidente da JBS, Gilberto Tomazoni, disse que mesmo assim ela continuará importando, além de seguir tentando controlar a gripe.
“É um vírus difícil de controlar, na Europa também houve focos de gripe suína, como na Alemanha, e se a União Europeia, que vinha exportando mais para a China, voltar a ter algum problema, abre oportunidades para o Brasil e para os Estados Unidos”, disse Tomazoni em teleconferência a analistas sobre os resultado financeiros do quarto trimestre.
Segundo o diretor presidente da JBS nos Estados Unidos, André Nogueira, os Estados Unidos têm bastante espaço para crescer em exportações para a China, além disso, a recuperação da demanda chinesa e global colabora para que os preços de proteínas siga elevado.
“Os Estados Unidos têm 6% de market-share na China em carne bovina, na minha opinião, tem espaço grande para crescer”, afirmou.
Além de ter potencial nas exportações, Nogueira afirma que o consumo doméstico norte-americano está voltando a melhorar, com o auxílio do governo e maior controle da pandemia possibilitando a retomada do food service, por exemplo.
O executivo ainda é otimista com a recuperação dos mercados de outros países em que a JBS está presente, embora afirme que terão retomadas em ritmos diferentes. Entre os países que vê recuperação daqui a alguns meses estão Japão, México, Canadá e países europeus.
Já na Austrália e no Brasil, o cenário deve ser mais difícil, com as operações devendo ter margens pressionadas por questões diversas. Na Austrália, Nogueira explica que há um processo de retenção de gado, que reduziu significativamente o número de abates e elevou preços, prejudicando a unidade no país.
“Os preços estão em patamares históricos no mercado doméstico australiano, com um mega processo de retenção de rebanho. A indústria está abaixo de 100 mil cabeças por semana e o normal seria processar 140 mil. Nosso negócio na Austrália não está fazendo dinheiro, mas temos outros negócios menores que seguram margem. A minha perspectiva é de melhora em um ano e meio”, disse. No entanto, afirma que as chuvas recentes no país devem ajudar o pasto e recomposição do rebanho no futuro.
No Brasil, também foi destacado o aumento de preços, principalmente da arroba do boi, mas que segundo o presidente da Seara, Wesley Batista Filho, não deve impactar em redução de produção, com a companhia também buscando maneiras de aumentar a rentabilidade.
“No Brasil, a arroba teve aumento relevante, é um desafio bastante grande do ponto de vista de rentabilidade, de margem, coloca desafio para a indústria frigorífica, mas estamos com o nível de utilização em linha, não reduziu e não tenho previsão para fazer isso. Vamos focar na agregação de valor, na exportação e na eficiência”, disse o presidente da marca.
INVESTIMENTOS
Diante de previsões otimistas na maioria dos mercados e com uma alavancagem mais baixa, a JBS também afirmou que deve acelerar investimentos este ano, o que já vem ocorrendo nos últimos dois anos.
Após investir US$ 1 bilhão em 2019 e US$ 1,15 bilhão em 2020, prevê investimentos de US$ 1,5 a US$ 1,7 bilhão este ano, seja orgânico, em plantas já existentes e em plantas novas, seja em aquisições, embora não tenha destacado nenhuma negociação no momento.
No Brasil, por exemplo, a companhia está investindo na expansão de unidades, com duas já terminadas e com previsão de ajustes em outras 10 unidades, com foco nas que têm potencial de agregar maior valor.