Com preço da energia no piso, Eletrobras busca vendas com volumes e prazos maiores

946

São Paulo – O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., disse que nos próximos anos, a companhia manterá o foco nas suas operações com as quatro subsidiárias e que espera obter receitas com essas operações neste período e que, em comercialização de energia, busca contratos de maior volume e duração. As informações foram concedidas em resposta a investidores e analistas na apresentação pública de resultados da companhia, na tarde desta terça-feira.

O CEO da Eletrobras disse que a companhia está buscando vender volumes maiores em prazos mais amplos para consumidores que possam contratar energia por mais de cinco anos, com preço de R$ 140/MWh e que fechou contratos com esse perfil. “Como temos grandes volumes em prazos descontratados, e estamos operando com o preço no piso, estamos buscando vendas com volumes maiores, em prazos e preços maiores”, comentou.

O diretor de geração da Eletrobras, Pedro Jatobá, disse que as vendas de energia estão sendo feitas considerando critérios rigorosos de risco. “O preço é avaliado dentro da situação de mercado, considerando a vazão dos reservatórios e demanda, buscando preços mais atrativos. A companhia tem uma estratégia para 2024 e 2025, em camadas que é possível ter preços mais atrativos.”

Jatobá disse que a Eletrobras também teve outros contratos regulatórios e que tiveram mudanças nos valores praticados, sem dar mais detalhes.

A Eletrobras está avaliando realizar uma oferta por um ativo não revelado com deságio, considerando o atual cenário de custos de capital elevados. “A alocação de capital busca gerar valor para a companhia, com valor mínimo de deságio, para que seja efetivamente rentável para a companhia”, disse o CEO.

Em relação ao leilão de transmissão, Ferreira disse que é uma prioridade para a companhia, que buscará investir ativos que tragam rentabilidade à operação de longo prazo. “Temos sim interesse em transmissão, não podemos falar em quais projetos, mas estamos avaliando. Evidentemente, que há ativos com valor maior e a capacidade financeira disse, mas estaremos no leilão e buscaremos projetos que tragam valor para a companhia.”

Em relação ao quadro de colaboradores, ele disse que a Eletrobras tem dois acordos com sindicatos, que prevê o desligamento de 2,1 mil pessoas e atração de 900 trabalhadores, buscando atrair profissionais experientes e do mercado. “Esse investimento passa a ser um opex recorrente, que vai gerar economia mensal de R$ 95 milhões e um custo com aposentados que fazem parte do topo da companhia, então, vai gerar um custo maior.”

A diretora financeira Elvira Presta prevê redução do custo com opex somente a longo prazo até que 100% dos contratos sejam renegociados. Ferreira disse que a empresa está trabalhando com o apoio de consultorias para avançar nessas reduções de custo.

Em relação à definição da tarifa relacionada à Rede Básica Sistema Existente (RBSE), a expectativa é que o CNPE [Conselho Nacional de Politica Energética, órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia] se reúna até junho para definir a tarifa, após definição do Tribunal de Contas da União (TCU). “A tarifa deverá cobrir a capacidade de tomar financiamentos e o equity de 8% ao ano”, disse o presidente da Eletrobras.

“Após concluir sua reestruturação, com uma nova equipe, a Eletrobras terá um papel relevante na nova economia que está configurando no país”, finalizou o executivo ao encerrar a reunião com investidores e analistas nesta terça-feira.

A Eletrobras disse que está renegociando a dívida com acionistas minoritários, os valores não são públicos, respeitam a governança das empresas e que, assim que forem concluídas, serão informados ao mercado. As informações foram concedidas em entrevista a jornalistas realizada após a reunião com analistas e investidores.

Em relação às iniciativas para aumentar a eficiência da Santo Antônio Energia (SAESA), o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., disse que incluem a mudança na sua estrutura de endividamento e capitalização, o que só poderá ser feito quando a empresa tiver 100% do seu controle pela Eletrobras. “São melhoramentos operacionais, principalmente financeiros, com créditos fiscais e sinergias, que poderemos ter em relação à SAESA.”