Com queda da Selic mais próxima, investimentos de risco devem voltar, diz CEO do BTG

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São Paulo – O BTG Pactual espera que com a queda da Selic (taxa básica de juros), os investimentos voltem para as áreas de maior risco a partir do ano que vem.

“Vivemos uma temporada de aperto das politicas ficais, esperávamos apertos mais fortes do que o mercado está precificando, mas acho que não haverá nada muito disruptivo. Estamos com expectativa positiva para o quarto trimestre e para o ano que vem, por que já estamos próximo do fim do ciclo no Brasil, e isso deve ser mais favorável ao mercado de renda variável, mas nada diferente do que já foi visto”, disse o o presidente do BTG Pactual, Roberto Balls Sallouti, na videoconferência de resultados do segundo trimestre de 2022.

O CEO do BTG disse que a meta é ter um retorno sobre patrimônio médio (ROAE, na sigla em inglês) acima de 20%, que está sendo entregue mesmo com o mercado mais retraído em renda variável.No fim de junho, o ROAE anualizado do banco foi de 21,6%, ante 21,0% um ano antes.

“Enxergamos uma dinâmica de crescimento emAsset Management e Wealth Management. Em Investment Banking depende bastante do mercado, mas com receitas de M&A conseguimos ter um crescimento satisfatório”, comentou o executivo.

O executivo disse que mantém investimentos nas áreas de varejo, soluções para o mercado de investimentos e na expansão da sua oferta de sua plataforma internacional, o que exige muitos investimentos em Tecnologia da Informação. “Estávamos sempre devendo em TI. Acreditamos que alocar pessoas depende da capacidade de treinar e aculturar pessoas. Ainda temos um crescimento marginal para fazer de equipe, precisamos fechar alguns gaps em tecnologia, mas tem muita coisa acontecendo e enxergamos a tecnologia como uma grande alavanca operacional para todos os nossos negócios, não só no varejo”, explicou o CEO.

O banco também espera ter boas receitas na área de DCM nos próximos trimestres de 2022. “Somando DCM (mercado de dívida) e M&A (fusões e aquisições), estamos confiantes de que as receitas de Investment Bank serão bastante robustas nos próximos dois trimestres”, acrescentou um diretor executivo do banco.

O BTG Pactual disse que apesar do resgate muito grande em fundos contabilizada no segmento de Wealth Management, nem por isso a sua plataforma deixou de atrair recursos. “Com a alta das taxas de juros, estamos vendo a migração dos fundos da renda variável para renda fixa. Os nossos clientes gostaram de ter uma plataforma como a nossa e seguem buscando mais risco de crédito”, comentou Sallouti.

O executivo disse que tem visto o crescimento da franquia de Fund Administration e esse movimento é contabilizado na área de Net New Money. “O momento está muito favorável para a captação de nossas franquias de clientes”, comentou.

Na área de ECM (mercado de dívida), o BTG vê o mercado ainda fechado no terceiro trimestre. “Nas operações recentes, foram casos específicos, como Eletrobras e Eneva. O quarto trimestre e 2023 vai depender do cenário de juros e taxas globais, ancoragem das recuperações fiscais.”

RESULTADO DO SEGUNDO TRIMESTRE

O Banco BTG Pactual divulgou hoje o balanço do segundo trimestre do ano de 2022. O lucro líquido ajustado foi de R$ 2,17 bilhões, alta de 26,5% em relação a R$ 1,71 bilhão registrado no segundo trimestre de 2021.

O lucro líquido contábil alcançou recorde de R$ 2,067.2 milhões no segundo trimestre de 2022, 6,4% acima do primeiro trimestre de 2022 e 23,2% acima do segundo trimestre de 2021. O patrimônio líquido totalizou R$ 41,4 bilhões no período, crescimento trimestral e anual de 5,2% e 18,0%, respectivamente. O índice de cobertura de liquidez (LCR) foi de 228%, e o Indice de Basileia subiu para 15,2%.

O lucro líquido foi de R$ 2,06 bilhões, alta de 23,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o banco registrou lucro de R$ 1,67 bilhão. No primeiro trimestre de 2021, o lucro líquido foi de R$ 1,94 bilhão.

O retorno sobre patrimônio médio (ROAE) foi de 21,6%, alta de 0,6% em comparação aos 21% no segundo trimestre de 2021. No primeiro trimestre de 2022 o índice ficou em 21,5%. O lucro líquido ajustado por unit foi de R$ 0,57%.

A receita total chegou a R$ 4,5 bilhões, recorde no trimestre e 3,7% superior ao primeiro trimestre de 2021, o recorde anterior. Na comparação anual, a receita cresceu 19,7%. As receitas das franquias de clientes continuam crescendo como percentual das receitas totais, gerando mais diversificação e menos volatilidade.

As receitas da área de Investment Banking caíram 29,2% em relação ao segundo trimestre de 2021, quando totalizaram R$ 685,2 milhões segundo melhor desempenho histórico. A menor atividade em ECM explica a queda de receita na comparação anual.

O portfólio de Corporate e SME Lending cresceu 5,6%, em linha com o trimestre anterior, somando R$ 117,7 bilhões. O portfólio de Corporate Lending cresceu 6,0% neste trimestre, visto que mantivemos uma abordagem seletiva com foco em grandes empresas com baixíssimo risco de crédito.

Em seu relatório, o BTG Pactual disse que manteve o foco em crescer o portfólio com alta qualidade dos ativos, spreads competitivos e níveis adequados de provisionamento.

No segundo trimestre de 2022, o portfólio de PME cresceu 3,2%, alcançando R$19,5 bilhões. O banco explicou que ainda opera essencialmente com um único produto desconto de recebíveis performados. Apesar disso, o banco diz estar preparado para novas oportunidades de crescimento em outros produtos de crédito.

O total de ativos sob gestão (AuM) ultrapassou a marca dos R$ 600 bilhões, alcançando R$ 605,1 bilhões, um crescimento trimestral de 3,3% e anual de 20,7%. No segundo trimestre de 2022, o Net New Money (NNM) registrou uma das suas maiores marcas – R$ 41,3 bilhões.

O banco afirmou que as estratégias de Investimentos Alternativos e de Renda Fixa no Brasil contribuíram para o NNM, e que continua expandindo sua participação de mercado no negócio de Fund Services.

Os ativos totais subiram 16,2%, passando de R$ 391,3 bilhões no fim do primeiro trimestre de 2022 para R$ 454,8 bilhões no segundo trimestre de 2022, principalmente em razão do aumento de 39,8% dos ativos financeiros, passando de R$ 87,8 bilhões para R$ 122,8 bilhões e, 20,5% nos ativos vinculados a compromissos de recompra, passando de R$ 68,4 bilhões para R$ 82,4 bilhões. O índice de alavancagem foi de 10,4x no trimestre.

Do lado do passivo, financiamentos através de títulos e valores mobiliários e obrigações por operações compromissadas (REPO) aumentaram em linha com os ativos.

O patrimônio líquido pulou de R$ 39,3 bilhões, no primeiro trimestre de 2022, para R$ 41,4 bilhões no segundo trimestre de 2022, impactado principalmente pelo lucro líquido de R$ 2,06 bilhões no trimestre.

O VaR médio total diário aumentou 12,2%, comparado ao primeiro trimestre de 2022. Como percentual do patrimônio líquido médio, o VaR subiu de 0,32% para 0,34% ainda abaixo dos níveis históricos do banco.

O saldo do portfólio de crédito expandido aumentou 6,5% em relação ao trimestre anterior, passando de R$ 124,5 bilhões para R$ 132,7 bilhões, e 35,8% em relação ao segundo trimestre de 2021.

O Indice de Basileia, calculado conforme as normas e os regulamentos do Banco Central do Brasil, se aplica apenas ao BTG Pactual. O índice de Basileia foi de 15,2%. O índice de cobertura de liquidez (LCR) encerrou o trimestre em 228%.

Com Emerson Lopes / Agência CMA.