São Paulo – Com a taxa Selic elevada, em 13,75% ao ano, o número de investidores em produtos de renda fixa na B3 cresceu 34% em um ano, de acordo com estudo divulgado esta semana com dados do 1º trimestre de 2023. Segundo a B3, a modalidade atraiu 4 milhões de novos investidores em 12 meses, chegando a 15,3 milhões de pessoas. O valor em custódia também aumentou 42%, atingindo R$ 1,794 trilhão. A análise é da XP, em relatório sobre dados divulgados pela B3 relativos ao período.
De acordo com o estudo, que analisa a evolução dos investidores pessoas físicas na B3, 65% delas possuíam apenas títulos de renda fixa no período analisado. Considerando também outras categorias, os investidores na B3 somavam 17,6 milhões em março. Em dezembro de 2021 esse número era de 13,1 milhões.
Em número de investidores, o segmento ações à vista cresceu 12%; seguido por Tesouro Direto (+13%); renda variável ou equities (+23%); registro de valores mobiliários (+28%); fundos imobiliários (+30%); captação bancária (+37%) e BDRs (+40%). Já o número de investidores de ETFs caiu 2% no período, de 529 mil para 520 mil.
Esta edição do estudo incluiu ainda dados sobre a participação de pessoas físicas nas negociações de derivativos: contratos futuros, swap e opções. De acordo com a B3, 267 mil pessoas fizeram ao menos um negócio com esses produtos no 1º trimestre de 2023.
A B3 destaca em seu estudo que os investidores estão entrando com valores cada vez mais baixos para investir. A mediana do primeiro investimento em renda variável das 106 mil pessoas que entraram na B3 em março foi de R$ 80, mas 41% delas começaram sua jornada com valores de até R$ 40.
Os dados mostram que a estratégia da diversificação é cada vez mais adotada pelos investidores. Se, até 2020, havia uma base concentrada em detentores de ações, hoje há uma parcela considerável em outros produtos, como FIIs e BDRs.
Na renda variável, o número total de investidores cresceu 23% no 1º trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, chegando a 5,3 milhões. No entanto, fazendo a comparação com o ano passado, o valor em custódia em renda variável caiu 16%, totalizando R$ 439 bilhões.
O número de contas atingiu 6,1 milhões nos três primeiros meses deste ano. A B3 lembra que o número de contas é superior ao de CPFs porque a mesma pessoa pode ter conta em mais de uma corretora.
Mesmo olhando apenas para o número de CPFs, ainda se verifica um forte crescimento de investidores nos últimos anos, quando havia apenas 700 mil indivíduos investindo em 2018 um crescimento de quase 8x nos últimos 5 anos.
Em equities, os investidores estão diversificando nos tickers negociados: 73% do saldo total em custódia detido pelas pessoas físicas eram de investidores com mais de cinco tickers.
Análise
Para a XP, a maior concentração de investidores em renda fixa tem relação com o cenário atual de juros elevados, com a taxa Selic em 13,75% ao ano. Por outro lado, houve pequeno crescimento em investidores que possuem investimento tanto em renda fixa quanto em variável (de 8% para 9%).
Já na renda variável, a XP avalia que a queda de 16% no valor em custódia pode ser explicada pela própria queda da Bolsa durante o período (o Ibovespa caiu ao redor de 15% entre março do ano passado e março deste ano), além do movimento de subida da taxa Selic que foi de 2,75% para os atuais 13,75% durante o período. Porém, olhando para um prazo mais longo de tempo, o saldo dos investidores saiu de R$ 116 bilhões em 2013 e quase quadruplicou nos últimos 10 anos.
“Outro número interessante de apontar é o saldo mediano por investidor, que também diminuiu significativamente de R$ 14 mil uma década atrás para apenas R$ 1 mil, indicando uma crescente presença de investidores menores na Bolsa”, comentam os analistas da XP.