A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, em um discurso no Parlamento Europeu hoje mais cedo, falou sobre a situação econômica no continente, os riscos e as condições econômicas europeias e mundiais.
“A economia da zona do euro cresceu modestamente em 2024, com uma expansão de 0,9% em relação ao final de 2023, apesar da estagnação no quarto trimestre. Enquanto o setor manufatureiro continua em contração, o setor de serviços apresenta expansão. A confiança do consumidor permanece frágil, com as famílias relutantes em aumentar os gastos, mesmo com o aumento da renda real”, afirmou.
Ainda assim, para ela, “as condições para uma recuperação estão presentes, impulsionadas por um mercado de trabalho sólido, rendas mais altas, crédito mais acessível e a expectativa de crescimento das exportações devido ao aumento da demanda global”.
Lagarde falou também que o crescimento dos salários vem em um ritmo menos intenso, e que a inflação deve retomar à média de 2% no médio prazo, “embora riscos ascendentes e descendentes persistam, especialmente diante de possíveis atritos no comércio global”.
O BCE cortou os juros em 1,25% desde junho de 2024, “a desinflação está em curso, e o BCE adotará uma abordagem cautelosa e dependente de dados para futuras decisões de política monetária”, continuou.
Sobre os desafios mundiais, como a guerra na Ucrânia e a recuperação pós-Covid, Lagarde disse que os choques de oferta revelaram oportunidades perdidas e subinvestimentos em áreas como a transformação digital e a transição verde. “A Europa está ficando para trás em produtividade e crescimento em comparação com competidores internacionais, e a incerteza nas políticas comerciais e econômicas continua a pressionar o consumo e o investimento”.
Ela reforçou que o continente deve aprofundar o Mercado Único, reduzindo barreiras internas que funcionam como tarifas, e aumentar a autonomia em sistemas de pagamento, preparando-se para a introdução de um euro digital. “Além disso, é essencial direcionar mais recursos para investimentos privados, especialmente em infraestrutura física e digital, pesquisa e desenvolvimento, e tecnologias verdes. Esses investimentos são cruciais para impulsionar a produtividade e garantir a competitividade global da Europa, além de ajudar a alcançar metas climáticas e reduzir a dependência energética.
O BCE está comprometido em aprender com os desafios recentes e adaptar sua estratégia de política monetária para um futuro cada vez mais volátil”, concluiu.