Conflitos cambiais prejudicam o comércio de petróleo da Rússia com a Ásia

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Depois da sanção do petróleo da Rússia por conta da guerra contra a Ucrânia, o governo de Vladimir Putin mudou sua rota para transporte de petróleo que enfrenta um grande desafio por conta do pagamento em outra moeda que não seja o dólar.

De acordo com uma reportagem da agência Reuters, o problema está na dificuldade de conversão das moedas nas quais o petróleo é comercializado, bem como os obstáculos políticos.

Um deles foi quando a India que se tornou o maior comprador de petróleo russo insistiu em pagar pela commodity em rúpias, o que fez a atividade comercial desmoronar, segundo fontes familiarizadas com o assunto, que pediram anonimato.

As fontes disseram que os fornecedores de petróleo russos – que também não puderam ser identificados devido à sensibilidade da questão – não poderiam fazer negócios em rúpias indianas devido à orientação informal do banco central russo de que não aceitaria a moeda.

Para outra fonte dentro do sistema bancário da Rússia, receber receitas em uma moeda não conversível e de pouco valor fora da India era inútil. A Rússia tem oportunidades limitadas de gastar rúpias, uma vez que as suas importações da India são insignificantes, disse outra fonte.

Em meados de agosto, pelo menos duas grandes empresas petrolíferas russas ameaçaram desviar cerca de uma dúzia de petroleiros que transportavam até um milhão de toneladas de petróleo que se dirigiam para a India para outros destinos, segundo duas das fontes.

Como solução temporária para o embate envolvendo negócios indianos, as cargas foram pagas em uma combinação do iuane chinês, do dólar de Hong Kong como moeda de transição para o yuan e do dirham dos Emirados Árabes Unidos, que está atrelado ao dólar norte-americano.

Mas continua a ser o problema de encontrar uma alternativa viável ao dólar e que os problemas afetam os compradores na África, na China e na Turquia, que se tornaram os principais compradores do petróleo russo.

A maior questão, contudo, diz respeito à India, que tem comprado mais de 60% do petróleo marítimo russo, segundo dados do LSEG e cálculos da Reuters. É o maior comprador global de petróleo bruto russo transportado por via marítima, depois da China.

É provável que os problemas piorem à medida que aumenta o escrutínio sobre o comércio. Washington impôs as primeiras sanções aos proprietários de petroleiros que transportam petróleo russo com preços acima do limite de preço ocidental nas últimas semanas, a primeira aplicação do limite desde que foi introduzido no final do ano passado.

O banco central russo não pode operar em dólares devido às sanções e, embora os exportadores russos possam, teoricamente, utilizar a moeda, evitá-la tem a vantagem de tornar mais difícil para os Estados Unidos e outros governos ocidentais monitorarem o seu comércio. As alternativas, no entanto, levam a altos níveis de risco para ambas as partes de um acordo.