Conservadores vencem eleições nacionais, mas não têm maioria no Parlamento e fazem negociações para coalizão
São Paulo, 24 de fevereiro de 2025 – Os conservadores liderados por Friedrich Merz, do bloco
CDU/CSU, venceram as eleições nacionais na Alemanha com 28,5% dos votos, seu segundo pior
resultado no pós-guerra. Apesar da vitória, o cenário político está fragmentado, com a
ascensão histórica do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que obteve
20,8% dos votos. Merz, que não tem experiência prévia no governo, prometeu priorizar o
fortalecimento da Europa e buscar independência em relação aos EUA.
Com a economia alemã em dificuldades e a sociedade dividida sobre temas como migração e
segurança, Merz e seus aliados pressionam por negociações rápidas para formar um governo
estável. O político Jens Spahn, da CDU, destacou a necessidade de iniciar conversas ainda nesta
semana, citando a urgência de lidar com questões globais, como a guerra na Ucrânia e as tensões
com Rússia e China. Merz espera ter um governo formado até a Páscoa.
Apesar do forte desempenho do AfD, os partidos tradicionais, incluindo a União
Democrata-Cristã (CDU) e o Partido Social-Democrata (SPD), descartam qualquer cooperação com a
extrema-direita. O AfD, monitorado por serviços de segurança alemães por suspeita de extremismo,
conquistou um terço dos assentos no parlamento junto com o partido de esquerda radical, o que pode
bloquear mudanças constitucionais e dificultar reformas econômicas e de defesa.
O SPD, que obteve seu pior resultado desde a Segunda Guerra Mundial (16,4%), indicou estar
aberto a negociações, mas alertou que sua participação em uma coalizão liderada por Merz não
é automática. A líder do SPD, Anke Rehlinger, afirmou que o partido está disposto a dialogar se
houver uma base sólida para governar. Um dos principais pontos de discussão será a possível
reforma das rígidas regras de endividamento do país, que limitam os gastos públicos.
Analistas destacam a necessidade de um governo ágil e estável para enfrentar desafios internos
e externos, incluindo a pressão da extrema-direita e a coordenação com aliados europeus. A
coalizão anterior, formada por SPD, Verdes e FDP, colapsou em meio a divergências, e a nova
configuração política exigirá compromissos para evitar que o AfD se fortaleça ainda mais nas
próximas eleições. A esperança é que o próximo governo alemão ofereça maior liderança na
Europa e respostas eficazes às preocupações dos eleitores.