Copom deve manter Selic em 10,50% ao ano por inflação, câmbio e juros nos EUA; decisão sai na quarta

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Comitê de Política Monetária (Copom). (Foto: Beto Nociti/BCB)

São Paulo, 18 de junho de 2024 – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne hoje e amanhã para discutir o futuro da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, para os próximos 45 dias. A decisão será anunciado no final da quarta, a partir das 18h30.

 

O órgão deve manter a Selic nos atuais 10,50% ao ano. A maior parte do mercado aposta no final do ciclo de cortes de juros, em uma decisão consensual, diferentemente da posição dividida da reunião anterior.

 

Segundo relatório recente de Safras & Mercado, o aumento das expectativas de inflação pelo mercado financeiro, a recente depreciação cambial, que pressionará ainda mais a inflação, e, principalmente, as falas do Fed, em que se consolida o cenário de apenas um corte da taxa de juros americana em 0,25p.p., são os fatores que devem embasar a decisão do Copom. Safras elevou de 10% para 10,50% ao ano a sua expectativa para a Selic no final do ano.

 

Em boletim, o Itaú espera que o Comitê mantenha a Selic em 10,50% ao ano, colocando fim à sequência de cortes.”A taxa de câmbio voltou para as máximas do ano, descolada de seus pares. Nossa medida ampla de risco-país, calculada com base em preços de ativos e seu desempenho relativo, voltou a subir depois de ter alcançado as mínimas pós pandemia no início do ano. É razoável afirmar que as incertezas domésticas citadas nas comunicações mais recentes do comitê se mantiveram em patamar elevado, ou mesmo aumentaram, em particular no que diz respeito à percepção sobre riscos de mudanças nos principais parâmetros do arcabouço fiscal aprovado no ano passado”, explica o Itaú.

 

A XP projeta que o Comitê de Política Monetária (Copom)

mantenha a taxa Selic (taxa básica de juros) em 10,50% até o final de 2025, embora reconheça o nível de incertezas acima do usual. Além disso, os economistas que assinam o relatório entendem que o cenário para a inflação convergir à meta em 2025 se tornou mais desafiador. “Destaque à taxa de câmbio mais depreciada, piora nas expectativas inflacionárias e indicadores de atividade (sobretudo do mercado de trabalho) mais fortes que o esperado.”

 

A Warren espera pela manutenção da taxa Selic em 10,50%, com votação consensual, na reunião do Comitê de Política Monetária da quarta, 19. “Avaliamos que a decisão do Copom irá se basear principalmente nos seguintes fatores: (i) desancoragem adicional das expectativas de inflação para 2025 (inclusive contaminando a para 2026); (ii) necessidade de o BC demonstrar seu firme compromisso com o atingimento da meta, reconquistando credibilidade; (iii) depreciação adicional do real (com a 2 pior performance dentre as moedas emergentes desde o último Copom); (iv) agravamento dos riscos fiscais; e (v) persistência das surpresas altistas dos últimos indicadores de atividade e mercado de trabalho (gerando riscos altistas sobre a inflação de serviços)”, explica a Warren, em relatório.

 

O Bank of America disse que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve cortar a Selic (taxa básica de juros) em 0,25 ponto percentual (p.p.). Ressaltando que esta é uma decisão difícil, o banco espera que o comitê sublinhe que o comitê justifique o corte devido às condições financeiras mais restritivas, além do comportamento benigno da inflação atual.

 

Cerca de 83% dos participantes da pesquisa Pré-Copom do BTG Pactual julga que o comitê manterá a Selic em 10,5%aa. Outros 17% dos participantes espera uma corte de 25 pb. Apenas 7% dos pesquisados antecipa um novo dissenso. “O objetivo foi avaliar a opinião dos participantes sobre temas que influenciam o cenário econômico e, em particular, a política monetária, bem como a comunicação recente e prospectiva do Copom.

 

Em julho e setembro, a vasta maioria (87% e 88%, respectivamente) aguarda nova manutenção da SELIC. Na reunião de novembro e dezembro, a expectativa de um corte de 25pb volta a subir mas seguebastante inferior ao percentual (70-75%) de manutenção.

 

O Indice Equus de Precificação da Selic (IEPS), produzido pela Equus Capital, calculou que a Selic tem 92,3% de chances não sofrer corte na reunião do Comitê Na última semana,

as chances eram de 91,8%. “A trajetória de queda da taxa básica de juros está comprometida pelo avanço da inflação de serviços, que acumula alta de 5,09% nos últimos 12 meses. Esse movimento é um ponto de atenção para o possível fim do ciclo que reduziu a Selic em 3,25 pontos percentuais nos últimos meses”, explica o sócio da Equus Capital Felipe Uchida.

 

A expectativa é de um tom mais cauteloso mediante os riscos fiscais permeando o cenário doméstico e as incertezas externas em relação à inflação e juros nos Estados Unidos, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. “Em relação à reunião de março, as incertezas externas e externas aumentaram e devem impactar negativamente o balanço de riscos do BC [Banco Central]. No Brasil, os últimos dados da inflação não foram positivos, somados à aceleração e desancoragem das expectativas de inflação, dúvidas em relação à política fiscal e incertezas no cenário externo. [com esse ambiente] é provável que o Copom adote uma postura cautelosa nesta reunião”.

 

A Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que representa instituições financeiras médias e pequenas e 30% do Sistema Financeiro Nacional, espera que se mantenha a  Selic. A comunicação do Copom deve indicar a sua avaliação dos possíveis impactos nainflação e atividade do ambiente gerado pelas enchentes que atingiram o Rio Grande Sul, entre o final de abril e início de maio deste ano.

 

O Paraná Banco também aposta na manuteção. “Se havia alguma possibilidade de o Banco Central seguir cortando juros, ela foi anulada com a divulgação do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, que teve uma aceleração, com alta de 0,46%. Até semana passada tínhamos a percepção de que a inflação corrente estava comportada, com serviços e os núcleos desacelerando, porém o resultado de maio foi pior que o esperado, já com reflexos da crise do Rio Grande do Sul nos preços dos alimentos e com a inflação de serviços crescendo novamente e voltando acima de 5% ao ano”, opina o tesoureiro do Paraná Banco Pedro Oliveira.

 

Dylan Della Pasqua / Safras News

 

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