São Paulo, 19 de junho de 2024 – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) define hoje o futuro da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, para os próximos 45 dias. A decisão será anunciado no final do dia, a partir das 18h30.
O órgão deve manter a Selic nos atuais 10,50% ao ano. A maior parte do mercado aposta no final do ciclo de cortes de juros, em uma decisão consensual, diferentemente da posição dividida da reunião anterior.
Mas ainda há dúvidas sobre esse consenso, principalmente após as duras críticas feitas ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do BC, Roberto Campos Neto. O mercado aguarda o comunicado para ver a posição dos diretores indicados pelo atual governo, após a pressão exercida por Lula.
Segundo relatório recente de Safras & Mercado, o aumento das expectativas de inflação pelo mercado financeiro, a recente depreciação cambial, que pressionará ainda mais a inflação, e, principalmente, as falas do Fed, em que se consolida o cenário de apenas um corte da taxa de juros americana em 0,25p.p., são os fatores que devem embasar a decisão do Copom. Safras elevou de 10% para 10,50% ao ano a sua expectativa para a Selic no final do ano.
Em boletim, o Itaú espera que o Comitê mantenha a Selic em 10,50% ao ano, colocando fim à sequência de cortes.”A taxa de câmbio voltou para as máximas do ano, descolada de seus pares. Nossa medida ampla de risco-país, calculada com base em preços de ativos e seu desempenho relativo, voltou a subir depois de ter alcançado as mínimas pós pandemia no início do ano. É razoável afirmar que as incertezas domésticas citadas nas comunicações mais recentes do comitê se mantiveram em patamar elevado, ou mesmo aumentaram, em particular no que diz respeito à percepção sobre riscos de mudanças nos principais parâmetros do arcabouço fiscal aprovado no ano passado”, explica o Itaú.
A XP projeta que o Comitê de Política Monetária (Copom)
mantenha a taxa Selic (taxa básica de juros) em 10,50% até o final de 2025, embora reconheça o nível de incertezas acima do usual. Além disso, os economistas que assinam o relatório entendem que o cenário para a inflação convergir à meta em 2025 se tornou mais desafiador. “Destaque à taxa de câmbio mais depreciada, piora nas expectativas inflacionárias e indicadores de atividade (sobretudo do mercado de trabalho) mais fortes que o esperado.”
A Warren espera pela manutenção da taxa Selic em 10,50%, com votação consensual, na reunião do Comitê de Política Monetária da quarta, 19. “Avaliamos que a decisão do Copom irá se basear principalmente nos seguintes fatores: (i) desancoragem adicional das expectativas de inflação para 2025 (inclusive contaminando a para 2026); (ii) necessidade de o BC demonstrar seu firme compromisso com o atingimento da meta, reconquistando credibilidade; (iii) depreciação adicional do real (com a 2 pior performance dentre as moedas emergentes desde o último Copom); (iv) agravamento dos riscos fiscais; e (v) persistência das surpresas altistas dos últimos indicadores de atividade e mercado de trabalho (gerando riscos altistas sobre a inflação de serviços)”, explica a Warren, em relatório.
O Bank of America disse que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve cortar a Selic (taxa básica de juros) em 0,25 ponto percentual (p.p.). Ressaltando que esta é uma decisão difícil, o banco espera que o comitê sublinhe que o comitê justifique o corte devido às condições financeiras mais restritivas, além do comportamento benigno da inflação atual.
Cerca de 83% dos participantes da pesquisa Pré-Copom do BTG Pactual julga que o comitê manterá a Selic em 10,5%aa. Outros 17% dos participantes espera uma corte de 25 pb. Apenas 7% dos pesquisados antecipa um novo dissenso. “O objetivo foi avaliar a opinião dos participantes sobre temas que influenciam o cenário econômico e, em particular, a política monetária, bem como a comunicação recente e prospectiva do Copom.
Em julho e setembro, a vasta maioria (87% e 88%, respectivamente) aguarda nova manutenção da SELIC. Na reunião de novembro e dezembro, a expectativa de um corte de 25pb volta a subir mas seguebastante inferior ao percentual (70-75%) de manutenção.
O Indice Equus de Precificação da Selic (IEPS), produzido pela Equus Capital, calculou que a Selic tem 92,3% de chances não sofrer corte na reunião do Comitê Na última semana,
as chances eram de 91,8%. “A trajetória de queda da taxa básica de juros está comprometida pelo avanço da inflação de serviços, que acumula alta de 5,09% nos últimos 12 meses. Esse movimento é um ponto de atenção para o possível fim do ciclo que reduziu a Selic em 3,25 pontos percentuais nos últimos meses”, explica o sócio da Equus Capital Felipe Uchida.
A expectativa é de um tom mais cauteloso mediante os riscos fiscais permeando o cenário doméstico e as incertezas externas em relação à inflação e juros nos Estados Unidos, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. “Em relação à reunião de março, as incertezas externas e externas aumentaram e devem impactar negativamente o balanço de riscos do BC [Banco Central]. No Brasil, os últimos dados da inflação não foram positivos, somados à aceleração e desancoragem das expectativas de inflação, dúvidas em relação à política fiscal e incertezas no cenário externo. [com esse ambiente] é provável que o Copom adote uma postura cautelosa nesta reunião”.
A Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que representa instituições financeiras médias e pequenas e 30% do Sistema Financeiro Nacional, espera que se mantenha a Selic. A comunicação do Copom deve indicar a sua avaliação dos possíveis impactos na inflação e atividade do ambiente gerado pelas enchentes que atingiram o Rio Grande Sul, entre o final de abril e início de maio deste ano.
O Paraná Banco também aposta na manuteção. “Se havia alguma possibilidade de o Banco Central seguir cortando juros, ela foi anulada com a divulgação do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, que teve uma aceleração, com alta de 0,46%. Até semana passada tínhamos a percepção de que a inflação corrente estava comportada, com serviços e os núcleos desacelerando, porém o resultado de maio foi pior que o esperado, já com reflexos da crise do Rio Grande do Sul nos preços dos alimentos e com a inflação de serviços crescendo novamente e voltando acima de 5% ao ano”, opina o tesoureiro do Paraná Banco Pedro Oliveira.
Dylan Della Pasqua / Safras News
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