Copom deve manter Selic em 10,50%; mercado espera comunicado com tom mais duro

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Comitê de Política Monetária (Copom). (Foto: Beto Nociti/BCB)

São Paulo, 30 de julho de 2024 – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne hoje e amanhã para discutir o futuro da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, para os próximos 45 dias. A decisão será anunciado no final da quarta, a partir das 18h30.

 

O órgão deve manter a Selic nos atuais 10,50% ao ano, segundo projeção quase consensual do mercado. Mas, diante de um cenário mais desafiador em relação ao encontro anterior, a aposta é de um comunicado com tom mais duro por parte do Copom.

 

Safras & Mercado considera que o cenário econômico tem se tornado mais desafiador, com uma série de fatores que podem pressionar a inflação. “Espera-se que o Copom reforce seu compromisso com a meta de inflação, mencionando a possibilidade de elevação da taxa de juros nas próximas reuniões, caso o cenário econômico se deteriore ainda mais, visando dissipar quaisquer dúvidas sobre leniência com a inflação e contribuir para uma reancoragem das expectativas inflacionárias”, avalia a consultoria, em relatório.

 

A Warren Investimentos espera pela manutenção da meta Selic em 10,50% por decisão unânime na reunião do Copom de 31/07. “Avaliamos que isso estaria em linha com a sinalização anterior de que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como a reancoragem das expectativas’, acrescenta Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe Warren.”Ao mesmo tempo, não vemos espaço para uma eventual indicação de possibilidade de elevação dos juros, pois o Comitê não deve se guiar por flutuações de curto prazo da taxa de câmbio. O principal fator de desconforto, que poderia levar a um tom um pouco mais duro, refere-se à ampliação do desvio das expectativas em relação à meta de inflação”.

 

A perspectiva pior da inflação, depreciação do câmbio, atividade econômica acima das estimativas e aumento dos riscos fiscais podem contribuir para a autoridade monetária manter a política de juros altos por mais tempo, segundo relatório da XP. Segundo a XP, as projeções de inflação do Copom devem subir e o Copom deve divulgar, pela primeira vez, suas projeções para 2026. A XP acredita na manutenção, por unanimidade, da taxa Selic em 10,50% ao ano

 

“A despeito de alguma melhora no ambiente externo, a percepção de risco local se manteve elevada e preços de ativos no geral passaram por forte volatilidade. A taxa de câmbio, que é um dos insumos mais voláteis para o modelo de inflação do BCB, avançou de R$ 5,30/dólar na reunião anterior (e 5,15 na reunião de maio) para cerca de 5,55 (média de 10 dias úteis encerrados na sexta-feira passada, valor utilizado pelo BC para rodar o modelo)”, indica relatório do Itaú.

 

Na avaliação dos economistas do Itaú, o comitê deve renovar a promessa de vigilância, e afirmar que avaliará se a estratégia de manutenção da política monetária em patamar contracionista por tempo suficiente será capaz de assegurar o processo de desinflação e reancoragem das expectativas. “Um possível sinal mais duro, mas inteiramente cabível, seria a descrição de um balanço de riscos assimétrico para cima, acompanhada da afirmação de que o comitê não hesitará em retomar o ciclo de ajuste (para cima). Acreditamos, ademais, que uma minoria do comitê já deve ter tal avalição do balanço de riscos, o que tende a aparecer no ciclo de comunicação associado à próxima reunião do Copom”, completa.

 

O Copom está lidando com uma piora nas expectativas e nos índices de inflação. O IPCA-15 de julho mostrou uma inflação acumulada de 4,45 por cento em 12 meses, apenas 5 pontos-base (centésimos de ponto percentual) abaixo do teto da meta. A avaliação é da Levante.

 

“É bastante provável que o Copom mantenha a taxa referencial Selic no patamar atual de 10,50 por cento ao ano e que emita um Comunicado duro, indicando a necessidade de manutenção da política monetária apertada devido à deterioração das expectativas e à piora da situação fiscal”, conclui a Levante.

 

Dylan Della Pasqua / Safras News

 

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