Copom eleva Selic a 11,75% ao ano e indica aumento de mais 1pp na próxima reunião

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Brasília, 16 de março de 2022 – O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual (pp), passando de 10,75% para 11,75% ao ano. Este é o maior índice desde fevereiro de 2017, quando a Selic atingiu 12,25% ao ano. O Comitê sinalizou que, na próxima reunião, marcada para maio, irá manter o ritmo de ajuste da taxa básica de juros.
 
O Copom informa, no entanto que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”.
 
A decisão desta quarta-feira, segundo o Copom, “reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante” – 2022 e 2023.
 
Para o comitê, “sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.
 
A decisão foi unânime. Esta foi a nona alta consecutiva da taxa básica de juros desde o ano passado.
 
PROJEÇÃO DE INFLAÇÃO
 
Segundo o Copom, a inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente. “Essa surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos itens associados à inflação subjacente”, que se apresenta “acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”, avalia o comitê.
 
Diante desse quadro, o Copom aumentou a previsão de inflação. As projeções de inflação são de 7,1% para 2022 e 3,4% para 2023. Na reunião passada, as projeções foram de 5,4% para 2022 e 3,2% para 2023.
 
Com esse cenário, o Copom ajustou a projeção da trajetória da taxa de juros, que se eleva para 12,75% em 2022. Na reunião passada, a projeção era de 12% no primeiro semestre de 2022, com queda para 11,75% no final do ano. Para 2023, a taxa de juros fica em 8,75% a.a.
 
Já as projeções para a inflação de preços administrados são de 9,5% para 2022 e 5,9% para 2023. O Copom adota a hipótese de bandeira tarifária “amarela” em dezembro de 2022 e dezembro de 2023.
 
CENÁRIO EXTERNO
 
Diante da volatilidade recente e do impacto sobre as projeções de inflação do preço do petróleo em dólar, o Comitê decidiu adotar um cenário alternativo. O Copom avalia que o preço do petróleo seguirá a curva futura de mercado até o fim de 2022, terminando o ano em US$ 100 o barril e passando a aumentar 2% ao ano a partir de janeiro de 2023. Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 6,3% para 2022 e 3,1% para 2023.
 
Para o Copom, o ambiente externo se deteriorou substancialmente. “O conflito entre Rússia e Ucrânia levou a um aperto significativo das condições financeiras e aumento da incerteza em torno do cenário econômico mundial”, diz o comunicado.
 
Segundo o comitê, “o choque de oferta decorrente do conflito tem o potencial de exacerbar as pressões inflacionárias que já vinham se acumulando tanto em economias emergentes quanto avançadas”. Em relação à atividade econômica brasileira, a divulgação do PIB do quarto trimestre de 2021 apontou ritmo de atividade acima do esperado.
 
Luiza Damé / Agência CMA
 
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