Copom eleva Selic para 10,75% ao ano e indica redução no ritmo de ajuste

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Brasília, 2 de fevereiro de 2022 – O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 1,5 ponto percentual (pp), passando de 9,25% para 10,75% ao ano. Este é o maior índice desde maio de 2017, quando a taxa atingiu 10,15% ao ano. O Comitê sinalizou que, na próxima reunião, marcada para março, irá reduzir o ritmo de ajuste da taxa básica de juros.
 
“Em relação aos seus próximos passos, o Comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros”, diz o comunicando do Copom. Essa sinalização, segundo o Copom, “reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante”.
 
Para o Copom, “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”.
 
A decisão de aumentar a taxa de juros foi tomada “diante do aumento de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos”. Desta forma, para o Copom, “é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista”. A estratégia será mantida “até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.
 
O índice está dentro do projetado na última reunião do Copom e das previsões de especialistas. A decisão foi unânime. Esta foi a oitava alta consecutiva da taxa básica de juros desde o ano passado.
 
Para o Copom, o aumento da taxa de juros reflete o “cenário de referência e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante”. Ou seja, 2022 e 2023.
 
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, diz o comunicado do Copom.
 
PROJEÇÃO DE INFLAÇÃO
 
Segundo o Copom, a inflação ao consumidor surpreendeu negativamente. “Essa surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como principalmente nos itens associados à inflação subjacente”, avalia o comitê. Para o Copom, “as diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”.
 
Desta forma, as projeções de inflação do Copom são de 5,4% para 2022 e 3,2% para 2023. Nesse cenário, a trajetória de juros se eleva para 12% no primeiro semestre de 2022, mas termina o ano em 11,75%. Para 2023, o Copom projeta juros de 8% a.a.  Nesse cenário, as projeções para a inflação de preços administrados são de 6,6% para 2022 e 5,4% para 2023. O Copom trabalha com a hipótese de bandeira tarifária “vermelha patamar 1” em dezembro de 2022 e dezembro de 2023.
 
CENÁRIO EXTERNO
 
O Copom avalia que, no cenário externo, “o ambiente segue menos favorável”. Conforme avaliação do Comitê, a maior persistência inflacionária aumenta o risco de um aperto monetário mais célere nos Estados Unidos, tornando as condições financeiras mais desafiadoras para economias emergentes.
 
Também leva em consideração a nova onda da Covid-19, que “adiciona incerteza quanto ao ritmo da atividade, ao mesmo tempo que pode postergar a normalização das cadeias globais de produção”.
 
O Copom faz uma avaliação positiva em relação à atividade econômica nacional: “Indicadores relativos ao quarto trimestre tiveram evolução ligeiramente melhor que a esperada, em particular os relativos ao mercado de trabalho”.
 
Luiza Damé / Agência CMA
 
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