São Paulo – A ameaça do novo coronavírus emergiu como um novo risco para as perspectivas de crescimento global, segundo a ata da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) realizada nos dias 28 e 29 de janeiro. Segundo o documento, os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês)concordaram que a evolução do surto merecia atenção.
“[Os membros] viram principalmente a distribuição de riscos às perspectivas de atividade econômica como mais favorável do que na reunião anterior, embora vários riscos negativos permanecessem proeminentes”, diz a ata.
Na semana passada, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse no Congresso que o banco central norte-americano querer ver evidências de que as rupturas decorrentes da China, a segunda maior economia do mundo, são persistentes e relevantes para a economia dos Estados Unidos antes de considerar a possibilidade de cortar as taxas de juros.
Na reunião de janeiro, o comitê manteve a taxa básica inalterada na faixa entre 1,50% e 1,75% ao ano. Em 2019, os juros foram cortados três vezes.
A ata, que faz referência ao coronavírus oito vezes, aponta ainda as incertezas comerciais como ameaça às perspectivas econômicas mesmo após a assinatura do acordo de primeira fase com a China, em 15 de janeiro, e da assinatura pelo presidente norte-americano, Donald Trump, do Acordo Estados Unidos México Canadá (USMCA, na sigla em inglês).
Vários membros do comitê disseram que o efeito do recente acordo comercial entre Washington e Pequim seria limitado, e novas tensões comerciais poderiam se desenvolver. Além disso, o documento lembra que muitas tarifas permanecerão em vigor e as empresas já começaram a ajustar suas cadeias de suprimentos.
“Algumas incertezas comerciais diminuíram recentemente e houve alguns sinais de estabilização no crescimento global. No entanto, as incertezas sobre as perspectivas permaneceram, incluindo as apresentadas pelo surto do coronavírus”, diz a ata.
MUDANÇAS NA INFLAÇÃO
Os membros do Fomc propuseram três três maneiras de Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) usar uma faixa para comunicar o quão próximo está de sua meta de inflação de 2%, de acordo com a ata da reunião de política monetária dos dias 28 e 29 de janeiro.
Uma das maneiras, segundo o documento, mostraria a incerteza em torno das medidas de inflação. Outra seria uma faixa operacional que sinalizaria como as autoridades planejavam compensar um desvio anterior da meta. A terceira seria um intervalo de indiferença sinalizando que o Fed não reagiria às leituras de inflação dentro dessa faixa.
O documento mostra, no entanto, que os membros do Fomc disseram que a introdução de uma faixa de inflação poderia ser confusa e mal interpretada como uma admissão de que o Fed está confortável com a inflação ultrapassando sua meta.
Risco financeiro
Os membros do comitê se mostraram abertos à ideia de usar a política monetária como ferramenta de proteção contra riscos de estabilidade financeira, se necessário, e acordo com a ata da reunião de política monetária dos dias 28 e 29 de janeiro.
“Eles concordaram que as ferramentas de supervisão, regulatórias e macroprudenciais devem ser o principal meio de lidar com os riscos de estabilidade financeira”, diz a ata.
Segundo o documento, os membros do Fomc acreditam que a política monetária deve continuar a ser conduzida pelo mandato duplo – pleno emprego e estabilidade de preços -, mas política adicional poderia ser usada para controlar riscos financeiros “apenas na medida em que esses riscos ameacem significativamente o mandato do comitê”.