Cosan ajusta investimentos e portfólio a cenário desafiador

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São Paulo – A Cosan informou que a decisão de sair do investimento em mobilidade por meio da Mobitech, joint venture, com a Porto Seguro está atrelada à necessidade de ajuste de portfólio e decisão de investimentos em relação ao cenário macroeconômico mais desafiador no Brasil, com cenário de juros bem mais alto e inflação acentuada, que não
estava na conta da empresa ao anunciar os investimentos. A companhia também disse que irá recomprar ações da Raízen e abrir capital da Compass.
“Não faz sentido aplicar tanto capital no negócio (de mobilidade) no atual cenário macroeconômico do Brasil. Já em relação ao projeto de mineração, há mais flexibilidade na alocação de capital e a companhia está satisfeita com o ativo. Sobre a Radar, a companhia também está satisfeita com os investimentos realizados”, disse Macelo Martins, vice-presidente de estratégia da Cosan. “Os ajustes de portfolio são natuais em relação à
mundança de conjuntura. Nossas prioridades são comprar a Rumo, recomprar a Raízen e ativos da companhia”, acrescentou.
O projeto de mineração foi anunciado em agosto de 2021, por meio do qual a Cosan assinou um memorando de entendimentos vinculante (MoU) com uma sociedade do Grupo Paulo Brito, fundador e controlador da Aura Minerals (AURA33), para a formação de uma joint venture para a exploração de minério de ferro, que deverá ser escoado pelo Porto, com o nome JV Mineração. “Esse projeto deve ter mais investimentos em 2023”, disse o executivo.
“A Gaspetro continua no nosso radar. O desafio no mercado de gás é criar demanda. O caminho é a eficiência e desenvolver soluções para ampliar o mercado”, disse Luis Henrique Guimarães, CEO da Cosan.
Os executivos disseram que pretendem fazer o oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Compass e da Moove, mas que vai esperar um momento mais adequado para realizar a operação. “A Moove tem posição líquida de caixa e vamos buscar uma aquisição para acelerar o seu crescimento”, disse Martins.
A companhia disse que propôs à B3 recomprar os papéis da Raízen encontrar uma equação para chegar numa liquidez mínima do papel. “Estamos insatisfeitos com a liquidez do papel. Nesse momento, o objetivo é recomprar a ação e quando fizer sentido, vamos revender. Isso demandará um esforço por parte dos acionistas para encontrar um momento ideal para revender o papel com a liquidez adequada.
A companhia disse que não há mudança em relação à dívida estrutural, mas que poderá fazer ajustes caso o cenário de juros piore no futuro. “Somos uma holding que gere portfólio, com foco em crescimento, nosso movimento é pontual, por conta do cenário, que penaliza quem assume dívida e visa o crescimento. Não pense que não vamos mais crescer. Se houver mudança no cenário de juros e menor nível de incerteza política, vamos repensar a estratégia e será comunicado com clareza”, explicou.
Sobre a Radar, a companhia disse que a contabilização do portfólio é anual. A companhia informou que a Cosan Investimentos iniciou no quarto trimestre a consolidação da empresa de gestão de terras e disse que o portfolio já apresentou apreciação significativa.
“Em setembro de 2021. foi anunciada a aquisição de participação adicional na Radar. Como o valor acordado na transação não capturou a avaliação de terras mais recente. como consequência. o preço pago da transação foi menor do que o Patrimônio Líquido das terras adquiridas. no 4T21 foi contabilizado um ganho pontual (não caixa) por compra vantajosa no valor de R$ 416 milhões na Cosan Corporativo”, disse a empresa no relatório do 4T21.
No balanço do 4T21, a companhia disse que intensificou a alocação de capital em ações da própria Cosan, atingindo quase R$ 700 milhões em recompras a partir do instrumento de total return swap e que distribuiu R$ 1,2 bilhão em dividendos aos acionistas ao longo do ano.
“Em contrapartida, frente ao agravamento da conjuntura macroeconômica em 2022, incluindo o aumento do custo de capital e a inflação, adotamos uma diretriz mais conservadora em relação aos compromissos de investimentos do Grupo, para navegar de forma mais confortável no cenário desafiador. Seguiremos com a nossa usual disciplina de capital, envidando esforços ainda maiores na otimização do CAPEX, aumento das sinergias de custos e suprimentos, e maior seletividade na aprovação e implementação de novos projetos, garantindo o sucesso de longo prazo do portfólio enquanto mantemos a
alavancagem em níveis adequados”, comentou, no relatório apresentado.