São Paulo – A Cosan divulgou na sexta-feira (12) o balanço do segundo trimestre de 2022, com lucro líquido consolidado de R$ 125,3 milhões, ante o lucro líquido de R$ 942,4 milhões apurado no mesmo intervalo do ano anterior, explicado pelos impactos pontuais sem efeito caixa no resultado financeiro do corporativo, e do aumento da taxa de juros gerando maiores despesas financeiras para todos os negócios.
Em teleconferência na manhã de hoje, Ricardo Lewin, diretor vice-presidente financeiro e de relações com investidores, e Luiz Henrique Guimarães, diretor-presidente da companhia, reafirmaram que os desafios deste ano são encarados com responsabilidade e com um capex mais conservador, mas sem que isso tenha diminuído o guidance projetado e a expansão dos negócios da companhia.
“Sabemos dos desafios que enfrentamos diante da forte volatilidade que o mundo passa e das dificuldades do mercado interno. Mas todos os nossos investimentos estão baseados em estudos muito bem projetados para garantir a continuidade da expansão da companhia com segurança e responsabilidade”, explicou Lewin.
Os executivos lembraram da aprovação, em junho, pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) da venda da participação da Petrobras na holding Gaspetro. A parcela de 51% da estatal foi comprada pela Compass, do grupo Cosan, em julho de 2021 por R$ 2,03 bilhões.
A Commit (antiga Gaspetro) concluiu em julho a venda de participações minoritárias em cinco de suas distribuidoras de gás (Algás, Bahiagás, Celgás, Cebgás e PBgás) por R$ 726 milhões.
Os executivos voltaram a falar sobre a importância da aprovação da resolução número 3, do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para modernizar o setor e incentivar o mercado de gás no país.
A resolução estabelece diretrizes estratégicas para o desenho do novo mercado de gás natural, propondo aperfeiçoamentos de políticas energéticas voltados à promoção da livre concorrência e especificando diretrizes para o período de transição neste mercado, uma vez que a evolução do programa Novo Mercado de Gás e a entrada de participantes no setor tornaram necessário que outras diretrizes e providências fossem definidas.
Por fim, os executivos comentaram sobre a evolução do projeto do porto de São Luís (MA), em parceria com o grupo chinês Communications Construction Company (em fase de confirmação dos recursos minerários), a expansão da malha norte, com previsão de início da obra da ferrovia no MT neste ano (projetos de engenharia e a licença ambiental prévia prontos) e a construção do terminal de regaseificação de São Paulo (TRSP), no porto de Santos, com previsão de entrega para o primeiro semestre de 2023 e uma capacidade de regaseificação licenciada de 14 milhões de m/dia, e a aquisição da PetroChoice nos Estados Unidos.
Os investimentos (capex) da Cosan, em base pró-forma, encerraram o trimestre em R$ 2,0 bilhões, queda de 22,5% em relação ao primeiro trimestre e aumento de 19% em base anual. A companhia disse em seu balanço que o resultado reflete o aumento na Raízen (+2x), que pode ser explicado pela incorporação da Biosev, pelo aumento dos dispêndios nos canaviais, em linha com o foco na jornada da melhoria de produtividade agrícola, e aceleração da construção da planta de E2G.
Na Compass, o aumento de 43% está em linha com o planejamento para o ano, e considera a aceleração dos gastos com a construção do Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP). Por outro lado, a queda de 35% no capex da Rumo, prevista pelo guidance, compensou parcialmente esses efeitos, corroborando com seu compromisso com a disciplina de capital, focando seus investimentos na manutenção dos ativos e projetos que permitirão a expansão da capacidade operacional e aumento de eficiência.
RESULTADO TRIMESTRAL
A Cosan registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 125,3 milhões no segundo trimestre de 2022, ante o lucro líquido de R$ 942,4 milhões apurado no mesmo intervalo do ano anterior, explicado pelos impactos pontuais sem efeito caixa no resultado financeiro do Corporativo, e do aumento da taxa de juros gerando maiores despesas financeiras para todos os negócios. Esses efeitos foram parcialmente neutralizados pela melhora do EBITDA de todas as empresas do portfólio, conforme explicado anteriormente..
O lucro líquido ajustado diminuiu 94,6% no período, para R$ 53,6 milhões, na mesma base de comparação, pelos mesmos motivos mencionados.
A receita líquida do conglomerado registrou R$ 42,8 bilhões no segundo trimestre, 69,4% maior que o visto no mesmo período do ano anterior.
O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, que , que exclui os efeitos pontuais incorridos nos trimestres, entre abril e junho totalizou R$ 4,1 bilhões, aumento de 34,5% ante o mesmo intervalo de 2021 foi de R$ 4,1 bilhões, alta de 35% na comparação anual, foi impulsionado pelo excelente desempenho operacional de todas as empresas do portfólio, destacando, na Raízen, os volumes comercializados superiores, com maior rentabilidade.
Por unidades de negócio, a Raízen alcançou EBITDA ajustado de R$ 3,7 bilhões (+55%), alavancado por maiores volumes de combustíveis, açúcar e etanol, maximização da rentabilidadee estratégia de precificação. No trimestre, a Raízen Energia moeu 26,4 milhões de toneladas de cana, queda de 15% na comparação com o mesmo período do ano passado.
A Rumo apresentou EBITDA de R$ 1,2 bilhão (+5%), alavancado pelo maior volume transportado pela Operação Norte.
A Compass Gás & Energia atingiu EBITDA de R$ 878 milhões (+35%), impulsionado por margens maiores, em função de ganhos de eficiência, e consolidação dos resultados da Sulgás.
A Moove apresentou EBITDA recorde de R$ 232 milhões (+56%), beneficiado pela expansão nas vendas e contínua melhora na rentabilidade, além da consolidação dos novos ativo. O volume de venda de lubrificantes da Moove foi de 128,8 mil m/3, alta de 26,6% ante igual intervalo de 2021.
O EBITDA da Cosan Investimentos no 2T22 foi de R$ 105 milhões, crescimento de 5,7x frente ao 1T22. A maior contribuição para os resultados do segmento vem da Radar, cujo EBITDA foi de R$ 121 milhões no período, alavancado pela marcação a mercado da valorização de propriedades agrícolas que compõe seu portfólio de terras.
A Cosan encerrou o trimestre com dívida bruta de R$ 57,7 bilhões (+14% versus 1T22), aumento explicado por) novas emissões de dívidas na Raízen, destinadas ao plano de expansão da empresa, captação na Moove para aquisição da PetroChoice, emissão de uma nova debênture no Corporativo e variação cambial no Bônus Perpértuo devido à desvalorização do Real frente ao Dólar. Em função dessas movimentações, o saldo de dívida líquida ao final do período foi de R$ 38,2 bilhões, aumento de 28% frente ao trimestre anterior.
A alavancagem, relação entre a dívida líquida sobre o ebitda, fechou em 2,4 vezes no período, versus 2,7 vezes no mesmo período do ano anterior. A redução é reflexo da melhor performance operacional de todas as empresas do grupo e dos efeitos não-recorrentes provenientes do IPO da Raízen, da incorporação da Biosev e do ganho por compra vantajosa da Radar, que resultaram no aumento relevante do EBITDA dos últimos 12 meses.
Com Camila Brunelli / Agência CMA.