Cosan tem prejuízo líquido de R$ 192 milhões no 1° trimestre de 2024

256

São Paulo, SP – A Cosan divulgou o balanço do primeiro trimestre de 2024 (1T24),
com prejuízo de R$ 192 milhões, queda de 79% na comparação com o prejuízo de R$ 904 milhões registrado no mesmo período de 2023. Segundo a companhia, o resultado é reflexo da maior contribuição dos negócios via equivalência patrimonial (MEP), e por ganhos com o desfazimento de parte da estrutura do collar atrelado ao investimento na Vale.

Quando comparado ao quarto trimestre de 2023 (4T23), a variação negativa se deu em função de dois efeitos principais registrados no trimestre anterior: rubrica do MEP beneficiada pela reversão das provisões referentes à exclusão subvenção, e ganho com a marcação a mercado pela valorização das ações da Cosan e da Vale no período.

O Ebitda sob gestão da Cosan, que contempla 100% dos resultados das investidas controladas e co-controlada Rumo, Compass, Moove, Radar, Raízen, ajustados por efeitos não recorrentes, quando aplicável, e Ebitda referente ao investimento em participação na coligada Vale foi de R$ 7,1 bilhões, queda de 16% na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação ao último trimestre de 2023, o Ebitda recuou 16%. A receita operacional líquido foi de R$ 9,824 bilhões.

“O desempenho do portfólio de negócios foi em linha ao planejamento para o ano. A expansão nos resultados da Rumo é explicada pelo crescimento dos volumes e margens em todas as suas operações. Na Compass, o EBITDA reflete o efeito do mix nas margens de distribuição, dado a maior concentração de vendas para as indústrias (com menores margens) em detrimento ao segmento residencial, em razão da temperatura mais elevada no trimestre. A Moove segue sua trajetória de crescimento sustentável, entregando EBITDA 19% superior. Na Radar, o resultado do trimestre foi composto pela receita recorrente de arrendamento das propriedades agrícolas do portfólio, estável frente ao ano anterior. Os preços depreciados do etanol impactaram o trimestre da Raízen efeito compensado pela maior rentabilidade do açúcar e de mobilidade no ano-safra. E a Vale contribuiu pela primeira vez com um trimestre completo consolidado via equivalência patrimônial (MEP)”,
explicou a companhia.

O resultado financeiro líquido do 1T24 totalizou despesa de R$ 964 milhões, melhor em R$ 658 milhões versus o mesmo período do ano anterior. A variação foi suportada majoritariamente pelo ganho nas liquidações do Collar Financing. Já na comparação sequencial, o aumento relevante nas despesas se deu em razão do ganho registrado no 4T23 com a valorização das ações de Vale e Cosan naquele trimestre.

A contribuição líquida da Vale no resultado da Cosan foi positiva, revertendo perdas registradas no mesmo trimestre do ano anterior. Já quando comparada ao 4T23, a queda de 15% na contribuição é explicada pelo maior EBITDA no período passado, visto que os dividendos e JCP contabilizados somados ao registro do MEP de dezembro ultrapassaram o lucro líquido da mineradora proporcional à participação da companhia.

O volume transportado da Rumo foi de 17,4 bilhões de TKU no 1T24, aumento de 8% quando comparado ao trimestre anterior, período negativamente afetado pelas condições de segurança e tráfego na região da Baixada Santista (SP). Já o EBITDA alcançou R$ 1,7 bilhão (+43%) no trimestre, impulsionado por maiores volumes e margens em todas as operações. A tarifa média consolidada expandiu 20% na comparação anual, apesar do cenário de queda no preço do combustível.

O volume vendido pelas distribuidoras de gás natural da Compass ficou estável no 1T24. O destaque do trimestre foi o crescimento do volume destinado aos clientes do segmento comercial e a recuperação, ainda modesta, da demanda industrial, principalmente pela retomada das atividades das cerâmicas. Em contrapartida, o volume do segmento residencial retraiu em função da queda no consumo unitário, afetado por temperaturas mais elevadas, compensando as novas conexões dos últimos meses. Comparativamente ao 4T23, a retração no volume total distribuído é explicada majoritariamente pela sazonalidade entre períodos.

A alavancagem fechou em 2,3x, versus 1,7x no 1T23 e 2,4x no 4T23. O aumento na comparação anual reflete o maior saldo de endividamento líquido da Cosan Corporativo, majoritariamente em função da reclassificação das ações da Vale. Este efeito foi parcialmente compensado pelo maior EBITDA LTM na comparação anual. Quando comparado ao 4T23, a redução de 0,1x na alavancagem é reflexo da maior posição de caixa dos negócios do portfólio.

O saldo da dívida bruta corporativa era de R$ 25,3 bilhões ao final do 1T24, apresentando
redução de R$ 1,3 bilhão versus o 4T23, além de alongamento do duration e redução no custo médio implícito. Estes efeitos são reflexo do processo de liability management executado no trimestre atual, que envolveu a emissão dos Senior Notes 2031 em janeiro, e posterior liquidação de boa parte do collar financing. Os ganhos de eficiência capturados também permitiram a melhora de 0,1x do ICSD. Além disso, uma parcela dos recursos utilizados nas amortizações foi oriunda da posição de caixa da companhia, que explica o
consumo no 1T24 na movimentação de caixa gerencial.

TELECONFERÊNCIA

Em teleconferência de resultados, a diretoria executiva da Cosan disse que segue avaliando sua posição na Vale e que o ambiente macro mais difícil, com juros elevados no Brasil e no exterior, está sendo considerado para a avaliação da execução de todos os negócios da companhia.

“Não temos um número mágico de posição ótima, mas avaliamos o que é adequado para o capital da Cosan. Temos questões importantes em andamento, como a sucessão do CEO, regulatórias, que podem destravar valor na companhia a longo prazo”, comentou Rodrigo Araujo Alves, diretor vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Cosan.

Segundo o executivo, a estrutura de collar financeiro vai ficando cara ao longo do tempo e é preciso reduzir o nível de complexidade para simplificar o acompanhamento e melhorar os dividendos.

A companhia também segue engajada em uma possível listagem da Moove e trabalha para alcançar entre 1,5 e 2,5 vezes a cobertura de juros, o que permitiria gerir os custos da holding e o nível de alavancagem. O tempo para alcançar esse nível não está definido.

“Temos muitas coisas importantes para alcançar em nosso portfólio e não temos espaço para aumentar o endividamento. Temos muita coisa para fazer, temos sido ativos, mas não vejo espaço para alocação adicional”, disse Alves, sobre possíveis novos investimentos.

Com Cynara Escobar