São Paulo – A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que o saldo total da carteira de crédito deve ficar estável em janeiro (0%), refletindo, de um lado, um novo avanço do crédito às famílias, e, de outro, a contração do crédito às empresas. Com isso, o ritmo de expansão anual da carteira deve voltar a sinalizar alguma perda de força, após ficar estável em dezembro, porém de maneira contida, passando de 7,9% para 7,7%.
As projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país, que representam, a depender da linha de crédito, de 41% a 88% do saldo total do Sistema Financeiro Nacional. O levantamento da Febraban é divulgado mensalmente como uma prévia dos dados oficiais, que serão divulgados em 28 de fevereiro pelo Banco Central em sua Nota de Política Monetária e Operações de Crédito.
A pesquisa mostra que o crédito às famílias deverá iniciar o ano com avanço de 1,0% no mês, com expansão homogênea entre os recursos livres (+1,0%) e direcionados (+0,9%). Para a carteira livre, a alta deve ser impulsionada pelas modalidades de crédito pessoal e rotativas, normalmente mais acionadas nesta época do ano, compensadas, em parte, pela perda de tração do consumo após os eventos de fim de ano, que afetam as compras com cartão à vista, por exemplo. A linha de aquisição de veículos também deve seguir mostrando bom dinamismo. Em 12 meses, o ritmo de expansão do crédito pessoa física deve ficar praticamente estável, ainda em 2 dígitos (+10% ante +10,1%).
Já no caso do crédito Pessoa Jurídica (-1,5%), o resultado é marcado por um forte componente sazonal, com típica retração da carteira livre (-2,2%), afetada pela sazonalidade negativa das linhas de fluxo de caixa, como desconto de duplicatas e antecipação de faturas de cartão, que usualmente caem diante do menor movimento do comércio no início do ano. A carteira Pessoa Jurídica Direcionada também deve recuar, porém de maneira modesta (-0,2%).
“A estabilidade do saldo em janeiro é sazonal e não deve ser interpretada como um número negativo, especialmente por conta da dinâmica do segmento destinado às empresas. Na realidade, os sinais são de que o pior no mercado de crédito já passou e agora a expectativa é que o ritmo de crescimento anual do crédito se estabilize próximo da faixa de 8%, com alguma volatilidade em torno deste número, beneficiado pelo processo de queda das taxas de juros e da inadimplência”, avaliou Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
CONCESSÕES
As concessões de crédito devem apresentar retração mensal de 9,7% em janeiro. Ajustando pelo número de dias úteis, a queda é ainda maior, de 17,9%. Contudo, a retração no mês é influenciada por fortes questões sazonais, incluindo o elevado volume de concessões em dezembro, inflado, entre outras razões, pelas compras de Natal e eventos de fim de ano, afetando a comparação entre os meses.
Quando comparado com janeiro de 2023, no entanto, que elimina os efeitos sazonais e de dias úteis, o volume concedido em janeiro de 2024 deve ser bastante superior (+13,5%), mesmo quando corrigido pela inflação (+8,6%). Adicionalmente, a evolução da taxa de crescimento das concessões no acumulado em 12 meses deve apontar crescimento de 4,6% (ante 4,7% em dezembro), sugerindo uma estabilização no ritmo de expansão das concessões, após desaceleração ao longo de 2023.