São Paulo – O saldo total da carteira de crédito deve crescer 0,5% em fevereiro, revela a Pesquisa Especial de Crédito da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). No mês, o crescimento deve ser liderado pelo crédito às famílias (+0,6%), com destaque para as linhas de crédito pessoal e de veículos, além da retomada de linhas rotativas, que é considerado normal no início do ano.
Com isso, o ritmo de expansão anual da carteira deve voltar a acelerar, passando de 7,6% para 8,1%. O avanço em 12 meses é beneficiado pela fraca base de comparação de fevereiro de 2023 (0%), quando o crédito livre às empresas caiu 1,1%, afetado pela eclosão dos casos Americanas/Light.
As projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país, que representam, a depender da linha de crédito, de 41% a 88% do saldo total do Sistema Financeiro Nacional. O levantamento da Febraban é divulgado mensalmente como uma prévia dos dados oficiais, que estão programados para serem divulgados no dia 26 de março, pelo Banco Central nas Estatísticas Monetárias e de Crédito.
De acordo com o levantamento, na carteira Pessoa Física os recursos livres devem apresentar alta modesta, de 0,2%, ainda impactados pela acomodação do consumo após os eventos de fim de ano e o menor número de dias úteis do mês, que afeta as compras com cartão à vista, por exemplo.
Por outro lado, como já mencionado, o crédito pessoal e para aquisição de veículos deve trazer números positivos. Já a carteira direcionada deve crescer 1,0% em fevereiro, com avanço disseminado nas principais linhas. Em 12 meses, o ritmo de expansão do crédito Pessoa Física deve ganhar alguma tração, de 10,2% (janeiro de 2024) para 10,4%.
Segundo a pesquisa, o crédito para as Pessoas Jurídicas, por sua vez, deve crescer 0,4% em fevereiro, bem melhor que o registrado em fevereiro de 2023 (-0,7%). Com isso, o ritmo de expansão anual do crédito às empresas deve dar um salto de 3,6% para 4,7%, explicando a aceleração do ritmo de crescimento da carteira total.
No mês, o crescimento do crédito Pessoa Jurídica deve ser liderado pela carteira com recursos livres (+0,6%), com avanço das linhas de fluxo de caixa e linhas externas, enquanto a modalidade capital de giro, principal da carteira, deve seguir com números fracos. Já a carteira direcionada deve ficar praticamente estável no mês, com alta de 0,1%.
No geral, o resultado de fevereiro deve mostrar alguma aceleração do crédito (em 12 meses), voltando para a casa de 8%, explicado, sobretudo, pelo crédito livre às empresas, diante da dissipação dos primeiros efeitos gerados pela crise dos eventos Americanas/Light no mesmo período do ano passado. Ainda assim, este é um segmento que segue inspirando cautela e deve apresentar números modestos neste começo de ano. Por outro lado, o crédito às famílias dá sinais mais sólidos de retomada, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
Concessões
As concessões de crédito devem apresentar retração mensal de 4,3% em fevereiro, mas quando ajustado pelo número de dias úteis, o resultado representa um aumento de 5,2% na margem.
O maior volume (ajustado por dias úteis) deve ser observado especialmente nas concessões às empresas (+9,4%), com forte desempenho tanto nas operações com recursos livres quanto nas operações com recursos direcionados. No caso das famílias (+2,3%), o maior volume das operações direcionadas pode compensar um desempenho mais fraco das operações livres.
Já na comparação com fevereiro de 2023, as concessões devem registrar um forte avanço, de 12,6%. Com isso, no acumulado em 12 meses o volume de novas concessões pode interromper a trajetória de perda de tração e acelerar para 5,4% (ante 4,6% em janeiro de 2024), movimento explicado sobretudo pelo segmento Pessoa Jurídica, devido à dissipação dos efeitos negativos dos casos de recuperação judicial que pesaram sobre o segmento no início de 2023.