Crescimento dos mercados de capitais compensará aperto monetário no exterior, avalia Moody’s

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São Paulo – A agência de classificação de risco Moody’s acredita que o crescimento dos mercados de capitais domésticos na maior parte dos países da América Latina compensará os ciclos de aperto monetário no exterior, tendo em vista a baixa dependência da região de captação externa.

Segundo a agência, os bancos e instituições financeiras para os quais a Moody’s atribui ratings têm obrigações que vencerão antes do final de 2022, enquanto outras vencem em 2023 que, combinadas, representavam 2% de sua captação de mercado total em dezembro de 2021.

Em um novo relatório, a Moody’s afirma que os bancos na América Latina estão menos expostos ao aperto das condições financeiras, especialmente devido à baixa dependência dos mercados de capitais internacionais, além de possuírem elevada liquidez e sua captação ser amplamente baseada em depósitos e mercados de capitais locais. Apesar disso, as instituições financeiras menores continuarão a enfrentar custos de captação crescentes, o que limitará o crescimento e um aumento maior das margens, comentou a Moody’s, em nota.

“Os mercados domésticos são grandes e continuam abertos na maior parte dos países, e há uma forte demanda por renda fixa. No entanto, os prazos são mais curtos que os observados nos mercados internacionais e o custo do capital tem aumentado, o que representa riscos de liquidez para bancos e instituições financeiras menores que dependem de investidores institucionais”, afirma Ceres Lisboa, Associate Managing Director na Moody’s.

“A captação externa foi inferior a 8% da captação total dos bancos no primeiro trimestre de 2022, o que contribuirá para compensar o contínuo aperto das condições financeiras no exterior”, acrescenta.

A Moody’s também afirma que os bancos na região resistirão à volatilidade do mercado devido a seus colchões de liquidez historicamente robustos e acesso constante a depósitos e linhas bancárias correspondentes. No entanto, o aumento das taxas de juros afetará negativamente a captação de mercado sensível a taxas, o que limitará as margens.

Nesse mesmo cenário, os bancos de médio e pequeno porte com vencimento de dívida em 2022 têm caixa suficiente para pagar as obrigações e podem financiar parte de suas necessidades de captação nos mercados domésticos, se necessário, embora a custos mais altos e prazos mais curtos.

O relatório da Moody’s também destaca que as empresas financeiras altamente alavancadas precisarão ajustar seus planos de negócios em 2022 e 2023, tendo em vista as condições de refinanciamento mais difíceis. “Essas companhias provavelmente ajustarão os planos de crescimento e originação de empréstimos novos a fim de preservar a capacidade de liquidez, dado que buscam refinanciar seus balanços de dívida elevados, o que poderia ser mais caro e difícil em períodos de tolerância menor dos investidores institucionais ao risco, particularmente daqueles com concentrações de dívidas que vencem em 2022 e 2023”, finaliza a agência.