Cronograma sugere 126 mi de vacinados contra covid no Brasil até setembro

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São Paulo – O cronograma de recebimento de doses de vacinas contra a covid-19 divulgado pelo Ministério da Saúde na segunda-feira (15) sugere que até setembro pelo menos 126 milhões de brasileiros estarão vacinados contra a covid-19, e que a maior parte da vacinação ocorrerá até junho. Há, porém, descasamento entre o cronograma federal e o dos laboratórios.

De acordo com o governo federal, são esperadas 253,39 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 até setembro. Todas as vacinas exigem pelo menos duas doses para atingir o nível mínimo de eficácia previsto em testes, o que significa que cerca de 126,7 milhões de pessoas – ou mais da metade da população do Brasil, atualmente em 212 milhões – seria vacinada até lá.

Essa estimativa requer que o cronograma seja seguido à risca e não haja solavancos no meio do caminho – por exemplo, a rejeição de alguma das vacinas que estão na lista do governo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou obstáculos à importação de insumos, como foi observado no final do ano passado e atualmente.

As vacinas que constam no cronograma do governo são a da AstraZeneca – que viria tanto pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) quanto pela Covax Facility (ao menos na etapa inicial, visto que o consórcio pode comprar outros imunizantes) -, a CoronaVac (Sinovac), a Sputnik V (Gamaleya) e a Covaxin (Bharat Biotech) – esta última ainda não teve os resultados de eficácia divulgados, e a expectativa é de que os números sejam publicados em março.

Fonte: Ministério da Saúde

No momento, há discrepâncias entre o cronograma do governo e aqueles divulgados pelos laboratórios. Nas contas do Ministério da Saúde, o Butantan entregaria 36 milhões de doses da vacina no primeiro trimestre, mas o instituto previu recentemente que entregaria 27 milhões de doses neste período. Por outro lado, o cronograma do governo estima que o Butantan entregará 91 milhões de doses até agosto, enquanto o instituto prevê a entrega de 100 milhões de doses no mesmo intervalo.

No caso da Fiocruz, a estimativa do Ministério da Saúde é de quase 27 milhões de doses entregues no primeiro trimestre, mas a Fundação calcula que serão entregues menos de 20 milhões de doses no mesmo período. Diferentemente do Butantan, o cronograma da Fiocruz não compensa o atraso inicial com uma previsão de maior agilidade na entrega de doses futuras.

Sob o cronograma do Ministério da Saúde, a maior parte da vacinação ocorreria entre os meses de março e junho, quando devem chegar ao Brasil 192 milhões de doses – ou o suficiente para vacinar quase 96 milhões de pessoas. A maioria das doses (161 milhões) seria de vacinas da Sinovac e da AstraZeneca, que já passaram pelo crivo da Anvisa para uso emergencial.

A AstraZeneca pediu o registro de sua vacina no final de janeiro. A Anvisa tem até o final de março para responder. Diferente da autorização para uso emergencial, que é restrita a um número específico de doses, o registro permitiria o uso amplo da vacina na população. A Sinovac ainda não pediu o registro de sua vacina à Anvisa.

O cronograma do governo não inclui algumas doses cuja produção está prevista a partir do segundo semestre tanto pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) quanto no Instituto Butantan, que poderão fabricar as mesmas vacinas desenvolvidas pela AstraZeneca e pela Sinovac, respectivamente, a partir do momento em que adaptarem suas instalações.

No caso da Fiocruz, a estimativa é que a partir da incorporação da tecnologia da produção dos insumos da vacina, em julho, seja possível entregar outras 110 milhões de doses no segundo semestre – o que seria suficiente para imunizar mais 55 milhões de pessoas.

No caso do Butantan, a conclusão da fábrica, prevista para 30 de setembro, também eliminaria a necessidade de importação de insumos e permitira, segundo o instituto, produzir 100 milhões de doses da vacina anualmente.