São Paulo – A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) disse buscará a liderança em vendas no Brasil após a compra da totalidade das ações da LafargeHolcim, por sua controlada CSN Cimentos, e que projeta um crescimento de ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para R$858 milhões das sinergias geradas pela aquisição, dos atuais R$540 milhões, e para R$ 123 por tonelada, de R$ 77 por tonelada atualmente.
“O nosso objetivo é ser o maior grupo cimenteiro do país, em termos de capacidade de comercialização, por meio de crescimento orgânico, já em andamento nas regiões Sul, Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o que está bastante adiantado em aquisição de equipamentos”, disse Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, em teleconferência para investidores sobre a operação, ressaltando que a companhia irá atender “o que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) solicitar” em relação à possíveis “remédios” para evitar a concentração de mercado.
A aquisição transforma o cimento para um novo patamar dentro do grupo, que é muito associado ao aço. “O cimento representará 10% da geração de caixa da companhia já em 2022, o que é relevante para reduzir o risco para o negócio”, acrescentou diretor financeiro e de RI da companhia, Marcelo Cunha Ribeiro.
A companhia espera obter sinergias em três anos de integração entre as companhias, com redução de custos, precificação baseada em aumento de participação e foco em mercados pulverizados e aumento da base de clientes, que atualmente têm 8 mil clientes ativos.
“Somos a companhia que mais têm clientes por tonelada de cimento vendido, sem depender de intermediários ou atacadistas e oferecendo um preço médio mais atrativo. Acreditamos que vamos tirar valor de sinergias logísticas obvias, já que as plantas são muito próximas, além de sinergias administrativas”, disse Ribeiro.
“Acreditamos que dá para obter rentabilidade e maior volume, o que deve ocorrer em anos, considerando a estimativa de integração de 18 a 24 meses. Os investimentos para financiar o crescimento já estão mapeados e, atualmente, trabalhamos com uma margem ebitda de 40% na CSN, enquanto a Lafarge tem 20% (de margem ebitda), um gap que vamos fechando com a integração das empresas”, respondeu o executivo em relação à diferença entre as margens ebitda das duas companhias atualmente e sem precisar qual é a porcentagem de margem ebitda que a companhia pretende alcançar em três anos com a integração da LafargeHolcim.
Em capacidade instalada, a companhia passa a ter 32% de participação de mercado na região Sudeste com a aquisição aquisição da LafargeHolcim, de 6,0 milhões de toneladas, para 16,3 milhões de toneladas.
Do ponto de vista fiscal, a companhia também espera alcançar impactos relevantes com amortização de prejuízos fiscais e uso de ágio com a integração das companhias. Em valor presente, a estimativa é de R$ 800 milhões com as sinergias tributárias.
“A LafargeHolcim já têm marcas conhecidas no Sudeste, como Montes Claros e Mauá, com produtos de alta qualidade técnica, e traz reservas de calcário importantes, que serão utilizadas em novas fábricas e expansões, além de aumentar a vida das minas que a CSN já possui.”
Com a aquisição, a CSN entra no Centro-Oeste e fortalece sua presença e liderança no Sudeste, somando cinco plantas integradas, sendo três em MG, uma no RJ e outra na Paraíba, além de cinco moagens no país.
A companhia estima aumentar o ebitda em 50% só com a manutenção da sua estratégia de vendas, além de focar no produto ensacado em detrimento ao a granel e com a pulverização e aumentos de escala com contratos e suprimentos.
A LafargeHolcim usa combustíveis alternativos, com captação em escala, e isso também será incorporado pela CSN Cimentos.
Os executivos da companhia nãao comentaram sobre uma possível oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da CNS Cimentos durante a teleconferência.