São Paulo – O CEO da CVC, Leonel Andrade, disse ter certeza de que a companhia vai protagonizar a retomada do segmento de turismo, com destaque para o B2B. “Percentualmente, é o B2B que cresce mais, mas podemos esperar uma melhora do B2C já no meio do ano. Vamos continuar liderando com muita força no B2B”, disse Andrade em teleconferência realizada no início da tarde de hoje para analistas e investidores.
Andrade destacou as expectativas em relação à operação na Argentina em 2022. “O fluxo de turistas Brasil-Argentina é gigantesco. A unidade da Argentina hoje é cerca de 20% do nosso volume de vendas e chegar a 25% do volume total da companhia. As vendas seguem crescendo consistentemente”, disse o CEO. “O argentino costuma recorrer à compra de viagens como instrumento de dolarização de recursos – o que nos beneficia – , embora o governo argentino esteja dificultando o financiamento de viagens.”
A gestão de take rate (percentual da receita líquida sobre as reservas) é uma preocupação recorrentemente citada pelos executivos. “O take rate está muito consistente em todos os negócios e deve continuar no patamar atual nos próximos trimestres. Não esperamos queda de take rate esse ano.”
Os executivos da companhia ressaltaram a importância da diminuição da dívida líquida, sem dar muitos detalhes. No release de resultados, a companhia reportou dívida líquida de R$ 322,9 milhões ao fim de 2021 e disse que era o menor patamar dos últimos dois anos.
AÇÃO DISPARA
As ações da CVC dispararam nesta quarta-feira influenciadas pelos resultados do quarto trimestre de 2021 divulgados ontem pela companhia e boas perspectivas futuras com a melhoria da pandemia. O papel da empresa (CVCB3) fechou com ganho de 17,14% a R$ 11,82, e foi a maior alta da bolsa no pregão de hoje.
O BTG Pactual manteve a recomendação de compra dos papéis na expectativa de que a companhia seja uma das principais beneficiárias da reabertura da economia após a pandemia de Covid-19. Os analistas reconhecem que, embora o último trimestre ainda tenha sido impactado pelas restrições de mobilidade e viagens, houve sinais encorajadores de recuperação e uma tendência de melhor rentabilidade.
“Depois de chegar ao fundo na frente operacional em 2020, a CVC deve ser uma das principais beneficiárias da reabertura econômica, ao mesmo tempo em que alavanca suas relações de longo prazo com a fragmentada indústria hoteleira e as companhias aéreas no segmento B2B. Gostamos da reviravolta executada pela gestão desde 2020, bem como a enorme escala e poder de barganha com fornecedores (especialmente operadoras hoteleiras), sustentando nossa avaliação”, diz análise dos especialistas do banco.
O otimismo dos analistas foi reforçado pelo impactarão ao fluxo de caixa livre para o acionista esperado para os próximos trimestres devido a posição de caixa de R$ 987 milhões da companhia ao fim de 2021, com R$ 1,8 bilhão em recebíveis e R$ 990 milhões em dívida financeira, além de outros R$ 2,1 bilhões adiantados vendas de pacotes de viagem.