Por Cristiana Euclydes
São Paulo – Os dados recentes sobre a economia da zona do euro não mostraram sinais de recuperação, e o Banco Central Europeu (BCE) pode realizar novos cortes de juros, disse o presidente da instituição, Mario Draghi, em discurso ao Parlamento Europeu.
“Olhando à frente, dados recentes e indicadores prospectivos – como novos pedidos de exportação na indústria – não mostram sinais convincentes de uma recuperação do crescimento no futuro próximo e o balanço de riscos para as perspectivas de crescimento permanece inclinado para o lado negativo”, afirmou Draghi.
Segundo ele, o setor de serviços da zona do euro continua resiliente, mas o BCE não pode ser complacente com sua capacidade de permanecer robusto. “Quanto mais persistir a fraqueza na indústria, maiores serão os riscos de outros setores da economia serem afetados pela desaceleração”, afirmou.
Além dos riscos econômicos, Draghi ressaltou que a taxa de inflação da
zona do euro segue aquém da meta de perto, mas abaixo de 2%. Assim, “a política monetária precisa permanecer altamente acomodatícia por um período prolongado de tempo”, disse.
“Continuamos prontos para ajustar todos os nossos instrumentos, se justificado pelas perspectivas de inflação”, acrescentou ele, defendendo as medidas adotadas pelo Conselho do BCE na reunião deste mês.
O Conselho optou por cortar a taxa de depósitos em 0,1 ponto percentual (pp), para -0,5% ao ano, uma mínima histórica, lançou um novo programa de compra de ativos, em um ritmo mensal de 20 bilhões de euros a partir de 1 de novembro, e reforçou suas orientações futuras.
“Ao manter o viés de afrouxamento dos juros, indicamos que ainda temos espaço para reduzir ainda mais os juros, se necessário”, concluiu Draghi.